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Variação linguística no português brasileiro em sala de aula

Olá, pessoal!

Neste texto contemplaremos a variação linguística no português brasileiro e a atuação do professor, independente da disciplina, diante deste fato em sala de aula.

Primeiramente, destacamos que linguagem e sociedade são fatos que estão intrinsecamente relacionados e isso tem sido afirmado com precisão pela Linguística – ciência que estuda a linguagem. Também os estudos sociolinguísticos, embora relativamente jovens em comparação com outras ciências existentes, vêm timidamente, porém com coerência, apontando a evidência de tais fatos.

E o que é a variação linguística?

A variação linguística se trata do uso da língua condicionado por diferentes fatores, sendo estes regionais, contextuais, socioculturais ou históricos. Em outras palavras, são as distintas formas existentes para expressar um mesmo significado na língua. Inclusive, em um mesmo país, há diversas variações dentro de um mesmo idioma.

O regionalismo é um exemplo de variação linguística. Podemos exemplificar este caso com os vocábulos ‘mimosa’, ‘mexerica’ e ‘bergamota’ para referir-se à tangerina em diferentes regiões do Brasil. E há também as variações referentes as situações formais e informais, as situações de oralidade e de escrita, gírias, pronúncias, entre outras. Você pode ter acesso a mais exemplos de variedades linguísticas do português no Brasil, acessando a página Variação Linguística.

As particularidades do português brasileiro, sobretudo as peculiaridades linguísticas de cada região do extenso território nacional, são de muita relevância aos estudos da linguagem e se mostram demasiadamente pertinentes quando a abordagem desses estudos envolve:

  1. ensino;
  2. educação;
  3. utilização da língua materna na realidade dos falantes;
  4. aplicação do português brasileiro padrão exigido pela sociedade, considerando que tal exigência emerge de uma pequena fração dessa sociedade, a qual apresenta um domínio sobre o todo.

Sem dúvida, o domínio de classes sociais, umas sobre as outras, está arraigado a fatores como poder econômico e político e exercem influências no predomínio de uma linguagem. No entanto, não nos ateremos a essa questão, pois demandaria outra abordagem, visto que é um vasto assunto a ser discorrido. Nossa pretensão aqui se direciona a variação linguística e o ensino da língua materna, mais especificamente, à variação linguística em sala de aula.

A importância de estudos sociolinguísticos sobre o português brasileiro

pessoas-diferentes

A priorização de um estudo exclusivo à linguagem dos brasileiros, e não apenas a importação de teorias, se faz necessária pelos seguintes fatos:

  • O Brasil apresenta uma vasta população distribuída em um extenso território, resultando em uma grande variação de repertório verbal;
  • Muitas pessoas têm acesso limitado à norma-padrão, decorrente da precariedade na instrução escolar, restringindo o conhecimento da padronização da língua, imposta com base na escrita, a uma minoria;
  • E, mesmo essa minoria, a classe dominante, também não está composta por falantes advindos de um único meio nem com a mesma formação.

O papel do professor em sala de aula diante da variação linguística

Partindo dessa abordagem, se torna imprescindivelmente importante o papel e atuação do professor em sala de aula, indiferente à disciplina a qual pertence. E um dos principais propósitos dos estudiosos sociolinguistas brasileiros, direciona-se a explicação das diferentes formas de pronúncias existentes no Brasil, as quais, estigmatizadamente, se defrontam com a norma culta.

Porém, embora qualquer língua estabeleça uma norma padrão ortográfica, não escapa à alguns equívocos.

“Um desses equívocos consiste em pensar que a ortografia é a língua e que uma boa reforma resolve os problemas da língua: engano. A língua pode existir sem ser escrita… outro equívoco consiste em sonhar com uma ortografia absolutamente fiel à pronúncia”. (ILARI e BASSO, p. 201, 2006), pois haveria a necessidade de se escrever a mesma palavra de diferentes maneiras, visto que cada dialeto possui suas variantes. No entanto, este método, possivelmente, traria muitos problemas e dificuldades ao aluno aprendiz.

Então na variação linguística vale tudo?

Nosso propósito, a exemplo dos linguistas, não é querer defender que vale tudo, tanto na escrita, quanto na fala. Entretanto, ressaltamos a necessidade do professor de saber reconhecer que as diferentes formas de falar dos alunos, com certeza são decorrentes da região e do ambiente onde vivem e, portanto, não devem ser consideradas erros, mas, simplesmente, uma forma diferente, resultante de uma variedade.

O professor deve apresentar ao aluno a norma padrão, porém, naturalmente, de forma a não estigmatizá-lo nem constrangê-lo diante dos colegas. “Essa seria uma ocasião que o professor poderia aproveitar para conscientizar os alunos quanto às diferenças sociolinguísticas e fornecer a eles a variante adequada aos estilos orais e à língua escrita” (BORTONI e STELLA MARIS, p. 43, 2004), conhecimento que auxiliará o aluno, por toda a sua vida, ao fazer uso da linguagem nas mais variadas situações.

Até logo!

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