Tudo que você precisa saber para entender o movimento da demissão silenciosa
Olá, leitor(a)!
A pandemia de Covid-19 transformou as dinâmicas em várias esferas sociais. Na profissional, por exemplo, muitas empresas realizaram cortes de gastos, o que resultou em inúmeras demissões de colaboradores(as). Para colocar em perspectiva, uma pesquisa do IBGE mostra que, no 1º trimestre de 2021, o número de desempregados(as) chegava à marca de 15 milhões.
Essa redução no quadro de funcionários(as) implica o aumento de tarefas para aqueles(as) que permaneceram. Assim, muitas pessoas ficaram sobrecarregadas e, consequentemente, adoecidas. Para reverter essa situação, surgiu um movimento chamado demissão silenciosa. Buscando informar nossos(as) leitores(as) acerca do que se trata, trouxemos informações que explicam o fenômeno e o porquê de ele ter popularizado nas redes sociais.
Demissão silenciosa
Diferentemente do se possa imaginar, a demissão silenciosa não se trata de abandonar o emprego. Na verdade, ela envolve simplesmente a realização das tarefas previamente acordadas na descrição do cargo. Ou seja: o(a) trabalhador(a) bate o ponto de chegada, empenha-se para fazer suas obrigações da melhor maneira possível, bate o ponto de saída e vai embora.
Isso significa que, ele(a) faz apenas aquilo que é pago para fazer. Não existe um esforço extra ou qualquer outro sacrifício. Dessa forma, o(a) profissional consegue manter um equilíbrio entre a vida pessoal e a carreira sem renunciar suas responsabilidades. A expressão vem do inglês quiet quitting, em português “desistência tranquila, e foi difundida após um usuário do TikTok publicar um vídeo sobre ela.
A postagem viralizou porque essa “desistência” se tornou uma forma de evitar a Síndrome de Burnout — distúrbio emocional que causa exaustão física e emocional, ocasionado, geralmente, pelo excesso de trabalho. Apesar de só ter ganhado notoriedade recentemente, o quiet quitting já existe há algum tempo.
O portal de notícias BBC publicou um artigo (texto original em inglês) sobre o tema e entrevistou Anthony Klotz, professor da University of College London’s School of Management. Ele afirma que o fenômeno é estudado há décadas, mas levava nomes como desengajamento, negligência e afastamento. Além disso, Klotz diz que o assunto voltou à tona devido ao aumento de conversas sobre saúde mental nos últimos anos e a imposição de limites por parte dos(as) trabalhadores(as).
Dicas para lidar com o estresse no trabalho
Se você é colaborador(a) de alguma empresa e se sente exaurido(a) física e mentalmente devido ao excesso de atribuições, confira nossas recomendações:

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1. Pratique meditação ou outros exercícios de relaxamento
A meditação é uma boa prática para amenizar o estresse causado pelo excesso de trabalho. Além de diminuir os sintomas da ansiedade, por meio da liberação de endorfina e dopamina, meditar alivia dores crônicas, reduz a alta pressão arterial e contribui para uma melhor noite de sono. Existem diversos podcasts sobre essa atividade, sugerimos o Meditação Guiada para você escutar.
2. Seja transparente com o(a) gestor(a)
Se você considera que sua carga de tarefas está excessiva, converse com o(a) gestor(a) ou com o RH da instituição. Antes disso, organize os principais pontos que deseja mencionar e proponha possíveis soluções para os problemas identificados, com opções que favoreçam ambos os lados. Também é interessante falar com os(as) colegas de trabalho e ter outras opiniões sobre a situação.
3. Busque ajuda psicológica
Apesar de o aumento do debate sobre saúde mental estar quebrando os estigmas criados a respeito da terapia, muitas pessoas ainda conservam preconceitos sobre ela. Entretanto, a procura por auxílio psicológico é muito importante em casos de esgotamento, especialmente se a pessoa apresentar um quadro mais grave. O tratamento terapêutico possui diversos benefícios, como exercitar o autoconhecimento e desenvolver inteligência emocional.
Ações que empresas podem tomar para lidar com a demissão silenciosa
Se você é gestor(a) ou faz parte da equipe de Recursos Humanos (RH), é imprescindível saber como enfrentar a demissão silenciosa. Separamos, abaixo, algumas dicas que podem ajudar. Confira:
1. Refletir sobre a quantidade de tarefas cobradas
É importante que as empresas compreendam que a demissão silenciosa não tem a ver com negligência ou desconsideração da parte do(a) profissional, mas sim com a priorização da saúde mental. Nesse sentido, as organizações podem repensar o modo como atribuem tarefas e responsabilidades para cada colaborador(a) — a fim de promover a cultura do bem-estar na instituição. Dessa forma, também é possível construir uma relação mais saudável entre gestores(as) e demais trabalhadores(as).
2. Incentivar o mindfulness no ambiente de trabalho
Muitas organizações, observando o acúmulo de estresse dos(as) colaboradores(as), têm investido em ambientes para praticar o mindfulness (“atenção plena”, em português) no local de trabalho. A prática consiste em uma técnica de relaxamento mental, que auxilia na diminuição da ansiedade e, consequentemente, aumenta a produtividade e o bem-estar. Alguns exemplos de espaços para relaxamento são: sala de leitura, lugares ao ar livre e sala de jogos.
3. Oferecer feedbacks contínuos
O feedback é uma estratégia essencial para motivar os(as) profissionais e avaliar a performance deles(as), verificando se suas ambições estão alinhadas com as expectativas da empresa. Ao oferecer um feedback, seja ele positivo ou não, a instituição enxerga o(a) colaborador(a) como ser humano e contribui para apaziguar possíveis ansiedades e preocupações que ele(a) sente em relação ao trabalho. Ademais, esse exercício estimula uma comunicação saudável e benéfica entre trabalhadores(as) e gestores(as).
Materiais gratuitos sobre demissão silenciosa
Se você deseja se aprofundar nas discussões sobre a demissão silenciosa, indicamos os seguintes materiais:
1. Braincast –“Antiwork e Quiet Quitting: a geração Z não quer trabalhar?”
O Braincast é um dos podcasts mais populares do Brasil, com uma abordagem leve e simples sobre temas como cultura digital, comportamento, inovação e negócios. No episódio nº 470 do programa, os(as) apresentadores(as) conversam sobre a demissão silenciosa e a força que os(as) jovens têm de transformar o futuro do mercado de trabalho. Para ouvir, clique aqui.
2. Metrópoles – “Fazer o mínimo no trabalho? Especialista explica o que é desistência silenciosa”
O jornal brasileiro Metrópoles disponibiliza semanalmente no YouTube boletins sobre diversos temas. Na edição de 29 de agosto de 2022, o canal entrevistou o psicanalista e consultor de carreira Bruno Cunha, que fala sobre a demissão silenciosa e como ela está relacionada com a saúde mental e emocional do(a) trabalhador(a). Para assistir ao vídeo, clique aqui.
3. PoupeCast – “Demissão silenciosa: Por que estão abrindo mão de dinheiro em busca da sanidade mental?”
O PoupeCast é uma extensão do canal no YouTube Me Poupe!, sobre empreendedorismo e economia, apresentado pela empresária Nathalia Arcuri. Neste episódio, realizado com a jornalista Izabella Camargo, é abordado o surgimento da demissão silenciosa após a pandemia. Também é comentada a relação desse movimento com o Setembro Amarelo, campanha que busca conscientizar o público acerca da importância da saúde mental. Para ouvir, clique aqui.
A demissão silenciosa é um tema muito mais importante do que parece, não é mesmo? Então compartilhe nosso artigo com os(as) amigos(as) para que mais pessoas entendam e discutam sobre esse fenômeno!
No Canal do Ensino, leia também:
- 7 dicas para desenvolver a empatia no ambiente de trabalho
- 7 dicas para promover a igualdade de gênero no mercado de trabalho
Até o próximo texto!