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Qual o papel do docente como facilitador da aprendizagem?

Olá, leitor!

Durante muito tempo o professor foi considerado o detentor do saber. Aquele que era responsável por transmitir seu conhecimento aos alunos. Mas, ao longo da história essa visão foi revista e hoje o professor tem uma missão de incentivar que o aluno construa seu próprio conhecimento.

Esse é o professor como facilitador da aprendizagem. Nesse artigo explanaremos mais qual o papel deste docente para o aluno e para a escola. Confira!

O papel do professor facilitador

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Em outra publicação falamos sobre a autonomia na aprendizagem que o professor facilitador pode proporcionar. Nessa ocasião tratamos um pouco do significado de ser um professor facilitador e os diversos exemplos que poderiam ser aplicados ou adaptados para sua realidade.
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No artigo que apresentaremos hoje, tentaremos aprofundar um pouco mais, ao falar da função do professor nesse contexto educacional tamanha a sua relevância no processo de ensino aprendizagem contemporâneo.

Através de entrevistas e palestras divulgadas pela internet, de alguns dos mais renomados educadores da atualidade, reunimos informações sobre o quê eles disseram em relação ao ofício do educador como facilitador do processo de aprender. Acompanhe.

Celso Antunes

Educador brasileiro, nascido em 1937 em São Paulo, formado em Geografia pela USP, Mestre em Ciência Humanas, Especialista em inteligência e cognição. Consultor do canal Futura, fundador do “Todos pela Educação”. Autor de 180 livros didáticos, dos quais 100 são sobre educação.

Segundo ele, em entrevista disponível em seu canal no YouTube, o papel do professor hoje é orientar o aluno na busca pelo seu aprendizado.  Para isso, o educador deve desenvolver seu conhecimento sobre o que há de novo no processo de aprendizagem, na neurociência e as várias formas de aprender sobre tudo que nos rodeia.

A função deste novo professor é estimular os diferentes saberes: analisar, pesquisar, sintetizar, comparar. O conhecimento está em todo lugar, o docente precisa instigar o aluno para ir em busca dele, utilizar “ganchos” que liguem à realidade para auxiliar nesse processo em que o aluno constrói seu saber.

Nesse modelo o professor também aprende. O professor de hoje é um “eterno aprendente”.

Rubem Alves

Nasceu em Campinas, em 1933 e faleceu em julho de 2014. Autor de mais de 120 livros de vários temas inclusive infantis e educacionais, foi psicanalista, educador, teólogo e professor da Universidade de Campinas, além de ser um dos fundadores da teologia da libertação.

Rubem Alves afirmava que o objetivo do professor não era ensinar conteúdo – esse tipo de conhecimento já estava amplamente difundido na internet e nos livros. Segundo ele, a missão do professor é ensinar a pensar, a despertar a curiosidade na criança. É provocar a inteligência, o espanto.

Em entrevista realizada no programa Provocações (disponível no YouTube), defendeu que a educação tem que ser ligada à vida. O sistema de ensino promove um aprendizado baseado na memorização, porém, com o tempo, o aluno esquece.

Para ele a avaliação, como vem sendo realizada ainda hoje, não avalia nada. “O quê realmente foi aprendido é justamente o que fica depois do esquecimento”. O ideal seria levar um tempo para avaliar.

Propõe que os professores questionem: para quê vão ensinar determinado conteúdo? Em seu livro “A Escola com que Sempre Sonhei sem Imaginar que Pudesse Existir” cita a Escola da Ponte, de Portugal como exemplo de escola transformadora. Os professores são peças fundamentais para que haja essa transformação.

Paulo Freire

Nascido em Recife em 1921, falecido em 1997, educador, Pedagogo e filósofo, foi exilado na época da ditadura militar, quando tentava implantar um Plano Nacional de Alfabetização que previa a formação de educadores em massa e a implantação dos círculos de cultura pelo país.

Durante seu exílio trabalhou na Organização das Nações Unidas para a agricultura e alimentação e como professor visitante em Harvard. Escreveu dezenas de livros dentre eles: Pedagogia do Oprimido e Pedagogia da Esperança.

Defendia a inserção do debate das questões sociais e políticas em sala de aula pois faz parte da realidade de todos. O espaço escolar deve ser um espaço democrático, onde os alunos aprendem e ensinam. Defendia também o aproveitamento do saber que vem da cultura popular.

O papel do educador numa pedagogia transformadora também é o perfil do professor facilitador. Segundo Paulo Freire o professor é um mediador que proporciona oportunidades diversas de aprendizagem entre ele e os alunos – o professor ensina e também aprende.

Mario Sérgio Cortella

Nascido em Londrina em 1954, educador, professor universitário, filósofo, palestrante, autor de vários livros, dentre eles: Por que fazemos o que fazemos – onde analisa a vida profissional no mundo atual. Sempre é convidado em programas de TV ou rádio para falar sobre algum tema filosófico, educacional ou social.

Em palestra feita em 2012 na 24ª Assembleia Geral na FIUC/ FEI – em São Paulo, falou sobre o professor que considera suas aulas perfeitas, seu método perfeito e não precisa mudar nada, tornando-se assim anacrônico. Segundo ele isso é um erro. O professor deve ficar insatisfeito pois a satisfação entorpece.

Enumera assim, como primeira virtude que o professor deve ter, a insatisfação positiva. O docente precisa buscar saber mais, fazer diferente, inovar, mudar. “Só é um bom ensinante quem for um bom aprendente”.

A segunda virtude pedagógica do professor deve ser a humildade, lembrando que ser humilde não é ser submisso. É ter consciência que não sabe de tudo e está disposto a aprender. Cita Paulo Freire, com quem aprendeu muito, como exemplo de professor humilde.

Além dessas virtudes o educador não deve ser um resmungador: ao notar que algo precisa ser feito em melhoria da educação deve agir. Diante disso, nomeia mais duas virtudes: coragem e noção de urgência.

Em outra palestra, na 4ª semana da educação em Campinas, fala sobre o peso imposto à escola onde ela tem que dar conta dos problemas sociais pelos quais os alunos enfrentam, além de ensinar as disciplinas. Porém a sociedade não oferece estrutura nenhuma pra isso.

Defende ainda que a escola e o professor, não fazem nada sozinhos. Precisam que haja parceria na comunidade escolar.

Leandro Karnal

Em 1953 nasceu, no Rio Grande do Sul, Leandro Karnal. Graduado, especialista e doutor em História, professor na Unicamp. Escritor, dentre os seus livros escreveu Conversas com um jovem professor.

Em palestra dada na Jornada da Educação de 2016, em Vitória da Conquista falou sobre os desafios do professor moderno, onde a sociedade o responsabiliza pela educação de valores, porém lhe impõe a responsabilidade mas lhe tira o poder.

É muito mais difícil ser professor hoje do que a 50 anos.  Hoje em dia o jovem tem acesso à informação de forma desenfreada, o professor nesse caso entra auxiliando a filtrar o conteúdo adequado ao aluno de forma responsável e produtiva.

Fazer isso representa um grande desafio, pois, os professores formados no século XX, atuam em escolas que seguem a estrutura do séc. XIX e ensinam aos alunos do séc. XXI! Veja outros desafios do professor moderno:

  • Ter tolerância ativa ( respeitar todas as diferenças ): lembrar que a escola é o primeiro espaço na diversidade e o professor é a primeira referência em sala de aula. A maneira que ele vai lidar com as diferenças em sala, servirá de exemplo para os alunos.
  • Resiliência: Todos os dias estarão suscetíveis a pequenas crises. O professor precisará aprender a lidar com isso, com paciência, fazendo reflexão crítica sobre o seu fazer pedagógico.
  • Ensinar que os alunos aprendam a aprender: Como foi dito, ferramentas de pesquisa e conteúdo existem aos montes, como tirar proveito desse conteúdo,  desenvolver a criticidade e o debate, deverão ser instigados.
  • A relação professor/ aluno, a autoridade se contrapondo ao autoritarismo, a democracia em sala de aula e ensinar cidadania baseada na realidade do aluno  também são pontos fortes a serem tratados em escola.

Todos esses são desafios que o professor precisa levar para sala de aula independente do conteúdo programado, pois o professor deve trabalhar melhor o que ensinar com a realidade.

Essas foram as contribuições que esses professores  nos deram em relação ao professor como facilitador do processo de aprendizagem do aluno. A facilitação está em guiar, sugerir caminhos que poderão ajudar mais na busca pelo aprender de cada aluno.

Não é dar respostas. É incentivar a encontrar ou a construir as respostas. Dependendo da história de vida de cada aluno, o professor saberá encontrar o melhor caminho para o aluno naquele momento do seu aprendizado.

Existe uma certa unanimidade entre esses professores: o foco está no aluno, no seu aprendizado, não no conteúdo. Outra coisa em comum (embora não tenha sido explicitada formalmente neste artigo) é o sentimento de empatia do professor em relação ao seu aluno.

A afetividade entre ambos auxilia no querer aprender, tanto em relação ao professor com o aluno, como deste com o professor.

A necessidade de fazer com que cada aluno entenda a vida, de tornar os discentes protagonistas de sua história e fazer parte das mudanças dos rumos da sociedade são objetivos que devem nortear a intenção pedagógica dos professores contemporâneos, pois precisam incentivar a criticidade, o pensar e o desenvolver da criatividade, pois essa é a necessidade humana do mundo hoje.

Esperamos que esses apontamentos tenham sido úteis no entendimento do papel do professor facilitador da aprendizagem.

Até breve!

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