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Qual a diferença entre coesão e coerência?

Olá,

Para que um texto fique bem escrito, devemos fazer com que duas coisas fiquem interligadas: as ideias e os elementos gramaticais. Neste artigo, você irá aprender quais elementos são responsáveis por fazer essas ligações: a coesão e a coerência.

Vamos lá?

Coesão

coesao-coerencia

Fonte: Reprodução

Quando falamos em coesão, nos referimos aos elementos gramaticais responsáveis por ligar as palavras, as orações, as frases e os parágrafos de um texto.

Chamamos de conectivos a esses elementos gramaticais que conectam as várias partes constituintes de um texto.

Na língua portuguesa, os principais conectivos são:

  • As preposições: de, para, em, com, por, a, etc.;
  • As conjunções: que, quando, porém, mas, porquanto, portanto, contudo, etc.;
  • Os pronomes: ela, outro, tudo, isso, aquilo, seu, nosso, etc.;
  • Os advérbios: hoje, aqui, também, ainda, etc.

Exemplo de coesão

O Inep informou que nenhuma questão será descartada já que o processo de elaboração é “longo e oneroso”. Ainda de acordo com o Inep, as questões consideradas “dissonantes” seriam “separadas para posterior adequação, testagem e utilização, se for o caso”.

Fonte: G1

Note que o trecho acima forma um todo coeso e interligado. No primeiro período, por exemplo, o autor utilizou duas conjunções (que, já que) para ligar as orações. Perceba que essas conjunções não são usadas aleatoriamente, mas, sim, de acordo com o sentido que estabelecem entre os trechos que elas ligam. Por exemplo, a conjunção “já que” atribui ao trecho ideia de causa, não podendo ser trocada, portanto, por uma conjunção de sentido diferente, embora possamos colocar em seu lugar outra conjunção de mesmo valor.

Já o segundo período é iniciado pelo advérbio “ainda”, que liga o primeiro período ao segundo estabelecendo uma ideia de soma entre eles. Perceba que ao lermos a palavra “ainda”, sabemos que o autor irá acrescentar alguma informação ao que foi dito na frase anterior.

 

Coerência

Quando falamos em coerência, nos referimos à conexão entre as ideias presentes em um texto.

Sendo assim, um texto coerente deve ser lógico, evitando sempre ser contraditório ou desconexo.

A coerência deve ser pensada como um casamento entre as ideias do texto. Ou seja, um texto coerente deve formar um todo harmônico, no qual todos os elementos se encaixam e se completam.

Exemplos de coerência

A seguir, apresentamos os três principais elementos que você deve observar para saber se um texto está de fato coerente:

  • Coerência narrativa: é a relação lógica entre as ações das personagens.

Ex.: imagine que um determinado personagem está muito doente, há dias que ele não se levanta da cama e o médico já disse que ele está à beira da morte. Agora, se esse personagem levantar da cama do nada e carregar tranquilamente um saco de cimento de cinquenta quilos, isso faria sentido? Não, né. Pois é, as ações dos personagens devem ser coerentes com as situações nas quais estão inseridos.

  • Coerência figurativa ou descritiva: é a relação lógica entre as características psicológicas de um personagem e suas ações.

Ex.: vamos supor que o narrador de um texto apresentou Albertino como uma pessoa muito tímida e introvertida, do tipo que gosta de ficar quieto no canto dele. Agora me diz se você consegue imaginar esse mesmo Albertino sendo o centro das atenções em uma festa com mais de mil convidados, consegue? Provavelmente não. Essa mudança de comportamento seria considerada incoerente, a não ser que algo tenha ocorrido para justificá-la (por exemplo, se Albertino tivesse ingerido grande quantidade de álcool, isso justificaria sua mudança de comportamento e manteria o texto coerente).

  • Coerência argumentativa: é a relação lógica entre os argumentos apresentados e a opinião do autor sobre determinado tema.

Ex.: imagine que em um texto o autor se declare totalmente contra qualquer tipo de violência. Contudo, em outra parte do texto, ele se diz defensor da pena de morte para criminosos. Por mais que ele tenha bons argumentos para defender a pena de morte, esse fato contradiz sua declaração de ser contra qualquer tipo de violência, o que torna o texto incoerente.

Diferença entre coesão e coerência

Se você chegou até aqui você já sabe que a diferença entre coesão e coerência é bem simples, não é?

A diferença entre coesão e coerência é que a coesão estabelece uma ligação material entre os elementos do texto, é uma ligação gramatical, feita por palavras para ligar os elementos formais do texto: orações, frases e parágrafos. Já a coerência é a ligação entre as ideias do texto, portanto um texto coerente é aquele em que todas as suas ideias estão conectadas.

Conclusão

Você viu neste texto a diferença entre coesão e coerência. Agora que tal resolver os exercícios a seguir para treinar o que você aprendeu?

Um grande abraço, e até a próxima!

Exercícios

1 –  (Enem – 2011)

Cultivar um estilo de vida saudável é extremamente importante para diminuir o risco de infarto, mas também de problemas como morte súbita e derrame. Significa que manter uma alimentação saudável e praticar atividade física regularmente já reduz, por si só, as chances de desenvolver vários problemas. Além disso, é importante para o controle da pressão arterial, dos níveis de colesterol e de glicose no sangue. Também ajuda a diminuir o estresse e aumentar a capacidade física, fatores que, somados, reduzem as chances de infarto. Exercitar-se, nesses casos, com acompanhamento médico e moderação, é altamente recomendável.

ATALIA, M. Nossa vida. Época. 23 mar. 2009.

As ideias veiculadas no texto se organizam estabelecendo relações que atuam na construção do sentido. A esse respeito, identifica-se, no fragmento, que

a) a expressão “Além disso” marca uma sequenciação de ideias.

b) o conectivo “mas também” inicia oração que exprime ideia de contraste.

c) o termo “como”, em “como morte súbita e derrame”, introduz uma generalização.

d) o termo “Também” exprime uma justificativa.

e) o termo “fatores” retoma coesivamente “níveis de colesterol e de glicose no sangue”.

 

2 –  (ENEM – 2014)

Há qualquer coisa de especial nisso de botar a cara na janela em crônica de jornal ‒ eu não fazia isso há muitos anos, enquanto me escondia em poesia e ficção. Crônica algumas vezes também é feita, intencionalmente, para provocar. Além do mais, em certos dias mesmo o escritor mais escolado não está lá grande coisa. Tem os que mostram sua cara escrevendo para reclamar: moderna demais, antiquada demais.
Alguns discorrem sobre o assunto, e é gostoso compartilhar ideias. Há os textos que parecem passar despercebidos, outros rendem um montão de recados: “Você escreveu exatamente o que eu sinto”, “Isso é exatamente o que falo com meus pacientes”, “É isso que digo para meus pais”, “Comentei com minha namorada”. Os estímulos são valiosos pra quem nesses tempos andava meio assim: é como me botarem no colo ‒ também eu preciso. Na verdade, nunca fui tão posta no colo por leitores como na janela do jornal. De modo que está sendo ótima, essa brincadeira séria, com alguns textos que iam acabar neste livro, outros espalhados por aí. Porque eu levo a sério ser sério… mesmo quando parece que estou brincando: essa é uma das maravilhas de escrever. Como escrevi há muitos anos e continua sendo a minha verdade: palavras são meu jeito mais secreto de calar.

LUFT, L. Pensar é transgredir. Rio de janeiro: Record, 2004.

Os textos fazem uso constante de recurso que permitem a articulação entre suas partes. Quanto à construção do fragmento, o elemento

“nisso” introduz o fragmento “botar a cara na janela em crônica de jornal”.
b) “assim” é uma paráfrase de “é como me botarem no colo”.
c) “isso” remete a “escondia em poesia e ficção”.
d) “alguns” antecipa a informação “É isso que digo para meus pais”.
e) “essa” recupera a informação anterior “janela do jornal”.

3 – (ENEM – 2010)

O Flamengo começou a partida no ataque, enquanto o Botafogo procurava fazer uma forte marcação no meio campo e tentar lançamentos para Victor Simões, isolado entre os zagueiros rubro-negros. Mesmo com mais posse de bola, o time dirigido por Cuca tinha grande dificuldade de chegar à área alvinegra por causa do bloqueio montado pelo Botafogo na frente da sua área.

No entanto, na primeira chance rubro-negra, saiu o gol. Após cruzamento da direita de Ibson, a zaga alvinegra rebateu a bola de cabeça para o meio da área. Kléberson apareceu na jogada e cabeceou por cima do goleiro Renan. Ronaldo Angelim apareceu nas costas da defesa e empurrou para o fundo da rede quase que em cima da linha: Flamengo 1 a 0.

Disponível em: http://momentodofutebol.blogspot.com (adaptado).

O texto, que narra uma parte do jogo final do Campeonato Carioca de futebol, realizado em 2009, contém vários conectivos, sendo que

a) após é conectivo de causa, já que apresenta o motivo de a zaga alvinegra ter rebatido a bola de cabeça.
b) enquanto tem um significado alternativo, porque conecta duas opções possíveis para serem aplicadas no jogo.
c) no entanto tem significado de tempo, porque ordena os fatos observados no jogo em ordem cronológica de ocorrência.
d) mesmo traz ideia de concessão, já que “com mais posse de bola”, ter dificuldade não é algo naturalmente esperado.
e) por causa de indica consequência, porque as tentativas de ataque do Flamengo motivaram o Botafogo a fazer um bloqueio.

 

Gabarito

1 – A

2 – A

3 – D

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