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Quais são os recursos lúdicos para um bom texto discursivo?

Olá,

Infelizmente, tanto ler quanto escrever são atividades consideradas chatas por muitas pessoas, não é mesmo? Mas há sempre um texto ou outro que desperta o interesse mesmo daqueles que dizem odiar ler. E um recurso que pode contribuir bastante para despertar o interesse pelo texto é torná-lo lúdico. E esse interesse, acredite, pode ser despertado tanto no leitor quanto no autor.

Neste texto, abordaremos alguns recursos lúdicos que você poderá explorar em seus textos discursivos.

Primeiro, veremos o que é um texto discursivo e o significado de lúdico. Vamos lá?

Texto discursivo

Recursos lúdicos para texto discursivo

Fonte: Reprodução

Um texto discursivo é um texto em que o autor deve discursar sobre um determinado tema proposto, geralmente apresentando um ponto de vista e argumentando a seu favor.

Um exemplo de texto discursivo muito comum é o texto dissertativo-argumentativo, muito cobrado em vestibulares, e que é também a famosa redação do Enem.

Contudo, o texto discursivo pode ser cobrado de outras maneiras, por exemplo, pedindo para que você discorra em um único parágrafo sobre um determinado tema. Nesse caso, costuma-se estipular a quantidade de linhas. O ideal é que você sempre preste bastante atenção ao tipo de texto que está sendo cobrado.

Agora vejamos o que é lúdico:

Lúdico

Segundo o dicionário online Michaelis, o significado de lúdico é:

  1. Relativo a jogos, brinquedos ou divertimentos.
  2. Relativo a qualquer atividade que distrai ou diverte.
  3. Relativo a brincadeiras e divertimentos, como instrumento educativo.

 

Portanto, um texto lúdico é um texto que diverte e distrai o leitor, trabalhando e explorando o humor.

Todavia, como falamos aqui sobre textos discursivos, os quais exigem que você opine e argumente sobre um determinado tema, e geralmente temas sérios e atuais, é importante que você não fuja da proposta e do tema exigidos, usando os recursos lúdicos apenas para tornar seu texto mais leve e descontraído para o leitor. Ou seja, tome cuidado para não exagerar no uso desses recursos, correndo o risco de perder o foco ou deixando que isso enfraqueça seus argumentos.

Vale lembrar que os recursos lúdicos, se bem utilizados, podem ser um ótimo recurso de persuasão, ajudando-o na tarefa de convencer o leitor.

Recursos lúdicos para um bom texto discursivo

Elencamos a seguir os principais recursos lúdicos que você poderá usar para enriquecer seus textos discursivos:

  • Ironia: ironia é falar o contrário daquilo que se queria dizer. A ironia é um ótimo recurso lúdico, contudo você deve ser cuidadoso ao ser irônico, pois como diz uma coisa querendo sugerir o contrário, é necessário que a ironia seja bem-criada, ou o leitor levará ao pé da letra e entenderá o contrário daquilo que você queria dizer.
  • Ambiguidade: a ambiguidade é o famoso duplo sentido. E ela pode ser usada como recurso lúdico em seus textos, apenas tome cuidado para não falar coisas preconceituosas, desrespeitosas ou mesmo criar piadinhas sem graça.
  • Polissemia: polissemia significa mais de um sentido. Nesse caso, o ludismo é criado explorando os vários significados que uma palavra possa possuir. Ou seja, explore os sentidos das palavras.
  • Conte histórias: uma boa forma de tornar seu teto mais divertido é, sem dúvida, contando histórias. Distraia seu leitor contando boas histórias, mas sem perder de foco o tema de seu texto.
  • Explore os sons das palavras: explorando os sons das palavras, você poderá, por exemplo, criar trocadilhos. Outro recurso ótimo para entreter quem estiver lendo o texto.
  • Faça assimilações: tente encontrar fatos, situações, coisas ou pessoas que podem ser assimiladas ou comparadas com aquilo que você está dizendo.
  • Dê exemplos de situações cômicas: lembrou de algo engraçado que se encaixe com o tema do texto? Explore isso e entretenha seu leitor.
  • Figuras de linguagem: as figuras de linguagem enriquecem qualquer texto e mostram que o autor tem bom domínio sobre a língua. Portanto, sempre que possível, utilize figuras, como metáfora, comparação, antítese, metonímia, paradoxo, etc.

 

Vale lembrar que esses recursos devem ser usados com parcimônia em textos discursivos. Lembre-se: você não está escrevendo uma piada, e sim um texto discursivo. Portanto, o uso dos recursos lúdicos deve apenas tornar o texto mais divertido, com o intuito de entreter o leitor.

Exemplo de recurso lúdico em texto discursivo

No texto a seguir, de Fernando Fabbrini, o autor tece uma crítica sobre a futilidade de muitas notícias veiculadas na internet. Colocamos em negrito os trechos em que o autor usa a ironia como recuso lúdico, tratando com humor algo que ele está criticando.

50 curtidas na barata

Vem me chamando atenção a quantidade de notícias de amenidades e do chamado ‘entretenimento’

Ao ligar o computador de manhã passo os olhos por meia dúzia de sites de jornais. Pouca coisa presta. Vem me chamando atenção a quantidade de notícias de amenidades e do chamado “entretenimento”. São muito lidas, claro; ninguém aguenta só a realidade cinza do nosso Brasil – balas perdidas, crime organizado, falcatruas, homens matando mulheres “por não aceitarem o fim da relação”. Curioso, comecei a pinçar algumas notícias “amenas” da semana – e temos uma amostra do que anda circulando por aí.

“Fulana, passeando no Caribe, mostra filho brincando com carrinho”. Mais de cem curtidas. Sucesso! A fulgurante atriz fotografou o filhote com um carrinho na areia e botou na rede. Milhares contemplaram extasiados a cena, postando comentários do tipo: “Que fofo!”; “Lindinho”; “Ai, gente!”. Não resta dúvida de que evento de tal significado para a humanidade – uma criança distraindo-se na praia enquanto a mãe fofoca no celular – mereça uma cobertura jornalística imediata.

Outra estrela da TV, de férias nas ilhas gregas, digitou: “O importante na vida é ser feliz! …”, assim mesmo, com reticências e ponto de exclamação. Dezenas de mãozinhas azuis concordaram, polegares eretos, boquiabertos defronte à profundidade do mergulho filosófico. Não muito longe dali, Tales de Mileto, Epicuro, Antístenes, Sócrates, Platão e Aristóteles – aqueles caras que deram meia dúzia de pitacos sobre os temas “vida” e “felicidade” – reviraram-se em suas tumbas de puro mármore da ilha de Paros.

Estética corporal chique, busca desesperada da juventude e promiscuidade sexual elegante estão bombando, como sempre. “Grávida, fulana está linda e mostra a barriguinha”, 129 curtidas até agora. De fato, a expansão do abdômen feminino durante a gestação é algo absolutamente inédito, inesperado e encantador. E olhem que ainda faltam três meses para as dores do parto.

“Malhado e de cabelos grisalhos, fulano exibe namorada novinha”, 75 curtidas. “Cada vez mais magra, fulana mostra barriga de tanquinho, e fãs elogiam”, 63 fizeram “fiu-fiu” (essa não entendi bem: na foto, a sorridente beldade, de costas, exibe fartas protuberâncias – e não o referido ventre deprimido). Disse outra boazuda na entrevista de domingo: “Não tenho um namorado, tenho vários”, 81. Ops! Calma: 81 é o número de curtidas sob a frase, e não o de namorados da moça fogosa.

Imprescindíveis e variáveis em função do clima e das epidemias sazonais são os lugares da moda, como Bali, ilhas caribenhas, Emirados ou Maldivas. Basta o famoso desembarcar no aeroporto e já corre o risco de ter sua unha encravada do dedão do pé exaltada globalmente.

Esse tipo de noticiário idiota não acontece só no Brasil. Zoando esse modismo, Woody Allen, no seu filme “Para Roma com Amor”, criou um personagem icônico. Leopoldo, vivido por Roberto Benigni, é o burocrata típico de um escritório. Subitamente, vira uma celebridade – e ninguém sabe o porquê. Passa a ser assediado por paparazzi, é entrevistado na TV, fica absurdamente famoso. Sua intimidade é motivo de admiração e comentários nas mesas de bar. Repórteres revelam ao público as preferências de Leopoldo: se usa gel ou espuma ao barbear-se; se prefere cuecas modelo slip ou samba-canção; se dorme virado para o lado direito ou esquerdo – tudo é notícia, é sensação, é deslumbramento.

Nesta semana, a melhor do gênero das amenidades veio de uma atriz carioca. Ela mudou-se para um apê novo (quatro quartos, dois livings, terraço, espaço gourmet e vista pro mar) e deparou-se com um séquito de baratas transitando pelas áreas comuns do condomínio. A procissão asquerosa de insetos virou notícia. Saiu assim: “Fulana conta que tem enfrentado baratas em casa e dá dicas. ‘Estou um pouco desesperada’ – afirmou”.

Acabei de ler e olhei em volta, caçando um spray inseticida ou um chinelo velho. Inútil: a barata já tinha ganhado mais de 50 curtidas.

Fonte: O tempo

Conclusão

Você viu neste texto como utilizar recursos lúdicos em seus textos discursivos. É importante, porém, que você se lembre que para escrever bem é necessário treino. Portanto, pratique bastante para que você consiga escrever cada vez melhores textos.

Um grande abraço, e até a próxima!

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