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Quais são as causas da evasão escolar e 6 formas de combatê-la

Olá, leitor(a)! 

Hannah Arendt (1906 – 1975), importante filósofa alemã de origem judaica, defendeu que é a partir da educação que expressamos o nosso amor pelo mundo. Para ela, a grandeza desse sentimento influencia no reconhecimento das responsabilidades que temos em relação ao futuro do planeta e das nossas crianças. Em outras palavras, ela enxergava a educação como uma das maiores pontes para a existência do amanhã.  

Pensando nisso, torna-se cada vez mais urgente entender e solucionar o problema da evasão escolar — um dos maiores inimigos da educação brasileira. Nos últimos anos, devido à pandemia de Covid-19, essa questão se agravou em nosso país e pode impactar o cenário educacional pelas próximas duas décadas.  

Evasão escolar no Brasil

Quais são as causas da evasão escolar e 6 formas de combatê-la

Fonte: Reprodução

Para quem desconhece, evasão escolar diz respeito ao abandono do processo formal de ensino e aprendizagem — independentemente do motivo. Trata-se, então, de estudantes que deixam de frequentar a escola.  

Segundo o relatório Cenário da Exclusão Escolar no Brasil, disponibilizado em abril de 2021 por meio da parceria entre UNICEF (Fundo de Emergência Internacional das Nações Unidas para a Infância) e Cenpec (Centro de Estudos e Pesquisas em Educação), no ano de 2020 mais de 5 milhões de crianças e jovens entre 6 e 17 anos estavam fora da escola.  

Comparando ao ano anterior, o aumento foi de quase 4 milhões e tem relação direta com o contexto pandêmico, uma vez que as escolas fecharam e passaram a adaptar atividades presenciais ao modelo on-line. Essa mudança impactou alunos(as) que fazem parte de grupos socialmente vulneráveis, principalmente os(as) que vivem em regiões rurais, que possuem pouco ou nenhum acesso à internet. 

Principais causas da evasão

A falta de conectividade, entretanto, não é a única causa da evasão escolar — ainda que seja o principal motivo no cenário atual. Como demonstrado no estudo, há questões ainda mais complexas e que requerem envolvimento de diversos setores da sociedade:  

Decisão dos(as) responsáveis

Os dados de 2019, ano anterior à pandemia, revelam que 48,5% das crianças entre 4 e 5 anos não frequentam escolas por escolha dos(as) cuidadores(as). Como justificativa, eles(as) respondem que é muito cedo para que os(as) pequenos(as) ingressem no ambiente escolar — opinião que gera muita discussão, principalmente no que diz respeito à garantia dos direitos das crianças.  

Falta de vagas nas escolas

Observada em todas as faixas etárias analisadas, a falta de vagas é um dos principais motivos pelos quais crianças não estão frequentando as escolas. A porcentagem mais expressiva, que corresponde a 33,6% dos casos, trata de crianças entre 6 e 10 anos — que deveriam ocupar os primeiros anos do ensino fundamental básico. Isso indica uma desorganização na estrutura educacional pública em relação à criação e à distribuição de vagas.  

Problema de saúde permanente

Representando 21,1% das respostas sobre a evasão escolar de crianças entre 11 e 14 anos, estão os problemas crônicos de saúde. O relatório não fornece muitas informações sobre a justificativa dada, mas aponta a necessidade de analisar as particularidades de cada região. Trata-se de uma questão complexa, que parece exigir esforços não só das instituições educacionais, mas de toda a sociedade. 

Desinteresse pelos estudos

A exclusão escolar atinge majoritariamente jovens entre 15 e 17 anos. Um dos principais motivos desse afastamento é o desinteresse pelos estudos, que equivale a 37% dos casos. Dar sentido ao conteúdo que se deseja oferecer aos(às) estudantes, para que eles(as) permaneçam na escola, é um dos maiores desafios de professores(as) e demais profissionais da educação.   

Gravidez na adolescência

Com uma porcentagem significativa, tornando-se uma causa importante de evasão nessa faixa etária, a gravidez de adolescentes corresponde a 11,4% das justificativas fornecidas na pesquisa. O relatório faz uma relevante observação ao enfatizar que a resposta é dada apenas por meninas, demonstrando, assim, que a responsabilidade pela gestação recai unicamente sobre o gênero feminino. 

Inserção no mercado de trabalho

A desigualdade social fica bastante evidente neste tópico, tendo em vista que 14,6% dos(as) jovens entre 15 e 17 anos deixam de frequentar a escola para trabalhar ou procurar emprego. Esse dado, que também deve ser uma preocupação coletiva, demonstra que, para garantir o direito de ensino e aprendizagem, é preciso antes garantir alimentação e moradia adequadas. 

Formas de combater a evasão escolar 

Considerando todos esses aspectos, e em acordo com o argumento de Hanna Arendt a respeito da responsabilidade coletiva necessária para a viabilização do futuro, reunimos 6 maneiras de agir contra o abandono escolar. Vejamos a seguir:  

1. Mapear os motivos de evasão

Como na medicina, em que é preciso conhecer a doença para saber como tratá-la, mapear os motivos do abandono escolar é muito importante para saber como e quais esforços devem ser feitos. O relatório aqui apresentado é amplo e considera diversas regiões do Brasil, mas é necessário que cada instituição assuma um compromisso particular para investigar os motivos de afastamento de estudantes de sua comunidade.  

2. Ter uma escuta ativa

Quando pensamos nas motivações de alunos(as), escutar o que tem causado maior angústia ou falta de sentido no processo de aprendizagem é primordial — e deve ser constante. A escuta ativa exige atenção completa, não se trata de esperar apenas o momento certo de dizer o que se pensa, mas de tentar construir caminhos possíveis em conjunto. Sentir-se acolhido(a), enxergado(a), relevante, faz muita diferença para crianças e jovens, e pode influenciar na permanência deles(as) no ambiente escolar.   

3. Participar da vida escolar de crianças e jovens

Um dos maiores desafios enfrentados por famílias que se enquadram em grupos de vulnerabilidade econômica é a disponibilização de tempo para acompanhar a formação escolar de suas crianças (devido a intensas jornadas de trabalho), o que pode ser motivo de evasão. Nesse sentido, o empenho para melhorar a experiência escolar de alunos(as) precisa ser coletivo e mobilizar de familiares a vizinhos(s). Perguntar como andam os estudos, oferecer ajuda e conversar sobre a escola são exemplos de um bom início.  

4. Promover a relação entre escola e comunidade

Quanto mais distante e autocentrada for a relação entre a escola e a comunidade, menor será a possibilidade de evitar o afastamento de estudantes do espaço escolar, principalmente em regiões periféricas. A criação de pontes entre a instituição e os(as) moradores(as) ao redor dela não só torna a escola significativa, como encoraja ações voltadas para melhorias em sua estrutura.  

5. Criar projetos que abordem questões sociais e emocionais

Estabelecida uma relação de proximidade e confiança entre comunidade e escola, é possível criar projetos em conjunto que considerem as dificuldades sociais e emocionais de crianças e jovens. Ao garantir a esse público condições mínimas de sobrevivência e cuidado, além da permanência na escola, será possível contar com estudantes ainda mais participativos e criativos.  

6. Experimentar novas propostas pedagógicas

Cada um de nós possui facilidades e dificuldades diferentes, que se aplicam no processo de aprendizagem. Por essa razão, manter propostas pedagógicas tradicionais na expectativa de que todos(as) correspondam a elas da mesma forma é um problema. As instituições precisam dialogar com alunos(as) e professores(as) e experimentar métodos que proporcionem novas experiências e maior engajamento no ambiente escolar.  

E-book gratuito sobre evasão 

Para quem deseja se aprofundar no tema e estudar maneiras de reduzir esse problema educacional, apresentamos o e-book gratuito Estratégias para evitar a evasão no Ensino Médio, produzido a partir da parceria entre Nova Escola e Tiken Foundation. Para realizar o download, basta entrar com a conta do Google ou do Facebook.  

Caso não tenha, é possível realizar o cadastro na própria plataforma. O material está dividido em três capítulos principais, que abordam os cuidados necessários com os(as) jovens no ambiente escolar, os métodos de ensino e os tipos de avaliação. Todo o conteúdo teve assessoria de diversos profissionais, desde a área pedagógica até a psicológica.  

Você conhece outras maneiras de combater a evasão escolar? Deixe nos comentários! 

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Até o próximo texto!  

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