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Resumo de livro: Minha Vida de Menina, de Helena Morley

Olá, leitor(a)!

Minha Vida de Menina, de Helena Morley, é um diário escrito entre os anos de 1893 e 1895 — dos 13 aos 15 anos da autora — e publicado no ano de 1942. Nele, acompanhamos as narrativas de uma adolescente sobre seu cotidiano em Diamantina, no final do século XIX.

Em uma narrativa cronológica, a autora relata costumes, festas populares, escravidão, convívio familiar e muito mais. Para a publicação, Helena alterou os nomes das pessoas envolvidas em suas descrições, transformando-as, assim, em personagens.

A obra fez sucesso, principalmente, devido à escrita e à perspicácia da jovem autora. Além de uma excelente observadora, a adolescente tecia comentários afiados sobre sociedade e os acontecimentos da época, mostrando que já possuía uma visão crítica sobre o mundo.

Domingo, 9 de dezembro

Eu ainda me lembro de quando chegou a notícia da lei de treze de maio. Os negros todos largaram o serviço e se ajuntaram no terreiro, dançando e cantando que estavam livres e não queriam trabalhar. Vovó com raiva da gritaria chegou a porta ameaçando com a bengala dizendo: pisem já da minha casa pra fora, seus tratantes! A liberdade veio não foi para vocês não, foi para mim! Saiam já! Os negros calaram o bico e foram para a senzala.

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Fonte: Legenda

Resumo da obra

Minha Vida de Menina aborda o cotidiano de Helena Morley, uma pré-adolescente que usa um diário para narrar sua rotina. Trata-se de uma reunião de relatos sobre conflitos familiares, cotidiano escolar, interesses da jovem e afins.

A jovem se deslocava entre um modo de vida urbano, já que morava na cidade, e um modo de vida rural, visto que sua avó, Dona Teodora, morava em uma chácara. A relação das duas era muito próxima, o que causava intrigas com alguns familiares. Com relatos marcados por datas, a menina vai contando esses e outros acontecimentos, narrando aspectos das tradicionais festas religiosas, os eventos sociais, sua paixão pelas comidas do meio rural e questões acerca de sua infância.

Suas relações são questionáveis para a época, pois as garotas com as quais Helena mantinha amizade eram as mais malvistas da região. Assim, ela acaba sendo considerada rebelde, principalmente com relação à sua irmã, Luisinha, um modelo de “boa garota”.

Com o passar do tempo, percebe-se que a menina da narrativa começa a se tornar uma moça, o que fez com que os olhares dos homens se voltassem sobre ela, espantando o medo que Helena tinha de se tornar uma “solteirona”. Nessa parte do livro, a personagem da tia Madge ganha destaque, pois passa a aconselhar Helena e, mesmo sendo muito protetora, é uma personagem fundamental no desenvolvimento e maturidade da sobrinha.

O cotidiano alegre e jovial de Helena acaba sendo afetado drasticamente pelo falecimento de sua avó, Dona Teodora. Os relatos diários da jovem passam a ser mais tristes. Outro evento que afeta bastante a vida dela foi a disputa da família pela partilha da herança deixada pela avó.

Quando esse conflito é resolvido, Helena nos revela que o que sua família recebeu de herança foi usado para pagar as dívidas da família, consideravelmente grandes. Em seguida, abruptamente, a narrativa chega ao fim.

Sábado, 10 de março

Hoje foi dia de festa em casa. Meu pai foi segunda-feira para o Bom Sucesso onde ele está fazendo um serviço. Era semana de lavra e ele estava com muita esperança na apuração. Meu pai anda tão caipora que ninguém mais espera sorte aqui em casa. Só ele é que diz sempre: ‘Esperem. Nem sempre o infeliz chora. O dia há de chegar’. Mas não chega nunca.

Estrutura da obra

Minha Vida de Menina trata-se de um diário, caracterizado por relatos cotidianos da vida de uma garota no final do século XIX. Os acontecimentos não se apresentam em um enredo coeso, pois, embora sigam um tempo cronológico, são fragmentações da vida de Helena.

Narrador e foco narrativo

Seguindo o modelo típico de diário, a narrativa é feita em primeira pessoa. Todas as histórias contadas são sobre ela ou a partir do olhar dela, o que a classifica como uma narradora do tipo autodiegético.

Tempo e Espaço

Os relatos ocorrem na cidade de Diamantina, Minas Gerais, entre os anos de 1893 e 1895: período marcado pela abolição da escravidão no Brasil e a Proclamação da República. A narrativa segue o tempo cronológico, respeitando a ordem dos acontecimentos da vida da jovem e do país.

Quarta-feira, 15 de fevereiro

Graças a Deus o carnaval passou. Não posso dizer que passou bem porque apanhei de vovó, coisa que ela nunca fez. É sina minha todo o mundo que gosta de mim me infernar a vida. Todas as minhas primas são governadas só pelos pais. Ah, se eu também fosse assim! Meus pais é que menos me amolam. Não tivesse eu o governo de vovó e tia Madge, teria ido ao baile de máscaras do Teatro. Desde os sete anos eu sonhava fazer doze para ir ao baile. Agora estou com treze e apanhando para não ir!

Relevância da obra

A obra se tornou muito relevante, pois retrata períodos históricos importantes do Brasil: a abolição da escravatura e a Proclamação da República. Ainda que não tenha sido a intenção de Helena, pode-se perceber que as experiências da menina apresentam, de maneira sutil, muitas conexões com diversos acontecimentos da época.

Assim, reflexões acerca da sociedade, e de como ela foi se constituindo, nos são apresentadas de uma forma bem clara. Em diversas passagens do livro, é possível visualizar a presença, por exemplo, do patriarcalismo escravocrata, as regras sociais impostas às mulheres, as relações de trabalhos, a influência da igreja na sociedade e a vida dos negros pós-abolição.

Sobre a autora

Helena Morley é o pseudônimo de Alice Daurell Caldeira Brant, nascida no ano de 1880, em Diamantina, Minas Gerais. A única obra publicada por Morley foi Minha Vida de Menina (1942).

A publicação foi um desejo da autora de deixar para as suas netas e outros parentes as lembranças e experiências do tempo da meninice, para que fosse possível a identificação das diferenças de vida da sua época em relação aos períodos seguintes.

Sábado, 18 de fevereiro

Faz hoje três dias que eu entrei para a Escola Normal. Comprei meus livros e vou começar vida nova. O professor de Português aconselhou todas as meninas a irem se acostumando a escrever, todo dia, uma carta ou qualquer coisa que lhes acontecer. Passei na casa de minhas tias inglesas e encontrei lá Mariana. Ela foi a aluna mais afamada da Escola e sempre ouvi minhas tias falarem dela com admiração. Ela esteve me animando e disse que o segredo de ser boa aluna é prestar atenção, tomando notas de tudo. Tia Madge disse que Mestra Joaquininha lhe falou que eu fui a aluna mais inteligente da escola dela, mas era vadia e falhava dias seguidos. Isto é verdade, porque o ano passado fomos, muitas vezes, passar dias com meu pai na Boa Vista. Não sei se sou inteligente. Vovó, meu pai e tia Madge acham; mas só sei que não gosto de estudar, nem de ficar parada prestando atenção. Em todo caso eu gosto que digam que sou inteligente. É melhor do que dizerem que sou burra, como vai acontecer na certa, quando virem que não vou ser, na Escola Normal, o que eles esperam..

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Boa leitura e até logo!

comentários (2)

  • Gabriela

    Outra obra difícil de se achar análises relevantes na internet, mais uma vez, parabéns pelo trabalho que vocês vem desenvolvendo com as análises e resumos de livros, tenho acompanhado todos!!!

    Responder
    • Ariovania Silva

      Olá, Gabriela.
      Tudo bem?

      Maravilha que tenha gostado!
      Fique à vontade para desfrutar de outros materiais e dicas de cursos aqui no Canal! 🙂

      Um forte abraço e conte sempre com a gente!
      Canal do Ensino.

      Responder

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