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Entenda regência verbal e regência nominal 

Olá,

Já percebeu que, quando vamos escrever, às vezes bate uma dúvida sobre qual preposição deve acompanhar um verbo ou um nome? Por exemplo, o verbo chegar exige a preposição a ou preposição em? Creusa chegou a casa ou em casa? Chamamos de regência a parte da gramática que cuida dessas questões. Continue nos acompanhando que neste texto explicaremos o que é regência e daremos exemplos dos principais casos que você deve saber para não errar mais.

Regência

Quando falamos em regência, referimo-nos à relação de dependência que as palavras estabelecem entre si. Em uma oração, as palavras são interdependentes, ou seja, elas se relacionam para que, juntas, formem um enunciado com sentido. A palavra que completa o sentido de outra chamamos de termo regido ou subordinado, já a palavra que é completada por outra chamamos de termo regente ou subordinante.

Ex.:

  1. Creusa foi à padaria.
  2. João tem medo de escuro.

Em cada um desses exemplos, temos um caso de regência. No exemplo 1, o termo à padaria está sendo regido pela forma verbal foi. No exemplo 2, o termo de escuro é regido pelo substantivo medo.

Na língua portuguesa, temos dois tipos de regência: a regência nominal e a regência verbal. Confira a seguir cada um deles.

Regência verbal

Regência verbal e regência nominal 

Fonte: Reprodução

A regência verbal ocorre quando o termo regente é um verbo. Os verbos se ligam ao seu complemento de duas formas: direta e indireta. A ligação direta ocorre quando não há preposição entre o verbo e o termo regido (chamamos esses verbos de transitivos diretos). Quando há preposição entre o verbo e o termo regido, a ligação é indireta (chamamos esses verbos de transitivos indiretos). Há também os verbos que pedem dois complementos, um sem preposição e o outro com preposição (chamamos esses verbos de transitivos diretos e indiretos).

Há inúmeros verbos na língua portuguesa que possuem mais de uma regência, ou seja, podem ser usados com ou sem preposição, ou até mesmo com preposições diferentes. Dentre esses verbos, alguns terão seu sentido alterado dependendo da presença ou ausência de preposição, assim como podem também mudar de sentido de acordo com a preposição que lhes acompanha. Confira a seguir a regência de alguns verbos:

  • Aspirar

a) Com sentido de sorver, respirar, inalar, é transitivo direto.

Ex.: José aspirou o perfume das flores.

b) Com sentido de desejar e pretender, é transitivo indireto e é acompanhado pela preposição a.

Ex.: Rafael aspirava a um cargo público.

  • Assistir

a) Com sentido de ver, presenciar, estar presente, é transitivo indireto e é acompanhado pela preposição a.

Ex.: Ontem à noite assisti a um filme francês.

b) Com sentido de acompanhar, prestar assistência, socorrer, é transitivo direto ou transitivo indireto, quando indireto é acompanhado pela preposição a.

Ex.: O médico assistiu o paciente.

O médico assistiu ao paciente.

c) Com sentido de morar, residir, é transitivo indireto e é acompanhado pela preposição em.

Ex.: Daniel assiste em Belo Horizonte.

d) Com sentido de caber, pertencer, favorecer, é transitivo indireto e é acompanhado pela preposição a.

Ex.: Este direito não assiste a você.

  • Chegar

a) Quando indica lugar, é transitivo indireto e exige a preposição a.

Ex.: Pedro chegou à escola atrasado.

Ob.: o uso da preposição em com o verbo chegar é considerado informal. 

  • Esquecer e lembrar

a) Quando pronominais, esses verbos são transitivos indiretos e são acompanhados pela preposição de.

Ex.: Iuri se esqueceu do trabalho.

b) Quando não são pronominais, esquecer e lembrar são transitivos diretos.

Ex.: Iuri esqueceu o trabalho.

  • Morar

a) Exige a preposição em.

Ex.: Joaquim mora em São Paulo.

  • Namorar

a) De acordo com a gramática, o verbo namorar é transitivo direto, portanto não se deve usar a preposição com acompanhando-o.

Ex.: Daniel namora Jordânia.

  • Obedecer e desobedecer

a) São verbos transitivos indiretos e exigem a preposição a.

Ex.: Eduardo sempre obedece a sua mãe.

  • Pagar

a) Quando o objeto é uma coisa, é transitivo direto.

Ex.: Pago minhas contas em dia.

b) Quando o objeto é uma pessoa, é transitivo indireto e é acompanhado pela preposição a.

Ex.: Após o almoço, Serafim pagou ao garçom.

  • Perdoar

a) Quando o objeto é uma coisa, é transitivo direto.

Ex.: Que Deus perdoe nossos pecados.

b) Quando o objeto é uma pessoa, é transitivo indireto e é acompanhado pela preposição a.

Ex.: Perdoei aos meus inimigos.

  • Preferir

a) Quando usado como transitivo direto e indireto, exige a preposição a.

Ex.: Prefiro salgado a doces.

Ob.: na língua oral, é comum o uso do termo do que no lugar da preposição a. O uso dessa regência está em desacordo com a gramática e deve ser evitado sempre que o verbo preferir for usado em contextos que exigirem o emprego formal da língua. Portanto, a oração “Prefiro salgado do que doces” não estaria de acordo com a gramática normativa.

  • Visar

a) Com sentido de apontar, mirar, é transitivo direto.

Ex.: Pedro visava o alvo.

b) Com sentido de pôr visto em, é transitivo direto.

Ex.: O policial visou o boletim de ocorrência.

c) Com sentido de pretender, desejar, ter em vista, ter por objetivo, é transitivo indireto e exige a preposição a.

Ex.: Davi visava a uma posição melhor na empresa.

Regência nominal

A regência nominal ocorre quando o termo regente é um nome (substantivo ou adjetivo). Diferentemente da regência verbal, os nomes não mudam de sentido dependendo da preposição que lhes acompanha, porém deve-se usar a preposição correta. Confira a seguir alguns nomes e as preposições que devem ser usadas com eles.

Nomes Preposições a serem usadas
Acessível A
Aflito Com, por
Alheio A, de
Apto A, para
Aversão A, para, por
Avesso A
Coerente Com
Compatível Com
Contente Com, de, em, por
Curioso De, por
Dúvida Acerca de, de, em, sobre
Feliz Com, de, em, por
Junto A, de
Passível De
Preferível A
Propício A
Próximo A, de
Respeito A, com, de, para com, por
Simpatia A, para com, por
Solidário Com
Suspeito A, de
Último A, de, em

 

Você viu neste texto o que é regência verbal e nominal. Para ajudá-lo na hora de escrever e em seus estudos, você pode consultar alguns dicionários, eles costumam informar a regência dos verbos e dar exemplos. Segue o link de dois bons dicionários disponíveis na internet:

Michaelis

Aulete

Um grande abraço, e até a próxima.

Exercícios

1 – (Fuvest-2001) A única frase que NÃO apresenta desvio em relação à regência (nominal e verbal) recomendada pela norma culta é:

a) O governador insistia em afirmar que o assunto principal seria “as grandes questões nacionais”, com o que discordavam líderes pefelistas.

b) Enquanto Cuba monopolizava as atenções de um clube, do qual nem sequer pediu para integrar, a situação dos outros países passou despercebida.

c) Em busca da realização pessoal, profissionais escolhem a dedo aonde trabalhar, priorizando à empresas com atuação social.

d) Uma família de sem-teto descobriu um sofá deixado por um morador não muito consciente com a limpeza da cidade.

e) O roteiro do filme oferece uma versão de como conseguimos um dia preferir a estrada à casa, a paixão e o sonho à regra, a aventura à repetição.

 

2 – (UFPA) Assinale a alternativa que contém as respostas corretas.

I. Visando apenas os seus próprios interesses, ele, involuntariamente, prejudicou toda uma família.

II. Como era orgulhoso, preferiu declarar falida a firma a aceitar qualquer ajuda do sogro.

III. Desde criança sempre aspirava a uma posição de destaque, embora fosse tão humilde.

IV. Aspirando o perfume das centenas de flores que enfeitavam a sala, desmaiou.

a) II, III, IV

b) I, II, III

e) I, III, IV

d) I, III

e) I, II

 

3 – (FMU-SP) Assinale a única alternativa incorreta quanto à regência do verbo.

a) Perdoou nosso atraso no imposto.

b) Lembrou ao amigo que já era tarde.

c) Moraram na rua da Paz.

d) Meu amigo perdoou ao pai.

e) Lembrou de todos os momentos felizes.

 

4 – (FUVEST) Indique a alternativa correta:

a) Preferia brincar do que trabalhar.

b) Preferia mais brincar a trabalhar.

c) Preferia brincar a trabalhar.

d) Preferia brincar à trabalhar.

e) Preferia mais brincar que trabalhar.

 

5 – (Fiocruz-RJ) Assinale a frase onde a regência do verbo assistir está errada.

a) Assistimos um belo espetáculo de dança a semana passada.

b) Não assisti à missa.

c) Os médicos assistiram os doentes durante a epidemia.

d) O técnico assistiu os jogadores.

 

Gabarito

1 – E

2 – A

3 – E

4 – C

5 – A

Bons estudos e até mais!

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