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Educação inclusiva: o que é, qual a importância e quais os desafios

Olá, leitor(a)! 

A educação inclusiva, essencial para garantir o direito universal à educação, ainda é repleta de nuances e desafios. Muitos pais e responsáveis ficam em dúvida entre realizar a matrícula de seus(suas) filhos(as) em escolas exclusivas para pessoas com necessidades especiais ou em escolas regulares. Para saber mais sobre o tema, leia nosso artigo, no qual falaremos sobre a definição de educação inclusiva, abordaremos sua importância e seus desafios. 

O que é educação inclusiva?

Até o final dos anos 1990 e o começo dos anos 2000, existiam no Brasil dois modelos de ensino separados: o regular e o especial. Com o avanço do debate sobre inclusão, na última década, a escola regular se consolidou como o local a ser frequentado por todos(as) os(as) estudantes, com ou sem deficiências. 

Nesse sentido, a educação inclusiva leva a escola especial para dentro da escola regular, que deve estimular a diversidade e considerar que todos(as) os(as) alunos(as) podem ter necessidades especiais de aprendizado em algum ponto da trajetória educacional. A educação inclusiva caracteriza-se por contemplar, simultaneamente, todos(as) os(as) alunos(as) e necessidades especiais que alguns(mas) podem apresentar. 

Portanto, a educação especial e a educação inclusiva possuem algumas diferenças fundamentais. A educação especial tem o objetivo de direcionar o aprendizado de habilidades específicas por alunos(as) com necessidades especiais (deficiências intelectuais, físicas, visuais, auditivas e também os/as superdotados/as). Já a educação inclusiva promove não só o aprendizado, mas também a convivência entre as pessoas. 

Em suma, uma criança com necessidades especiais pode ter acesso, no turno oposto ao das aulas regulares, ao atendimento educacional especializado (AEE), seja na escola, seja em instituições parceiras. Entretanto, em uma educação realmente inclusiva, deve existir garantia de convívio entre os(as) estudantes, acesso ao mesmo currículo e às mesmas expectativas por parte de docentes e de outros(as) funcionários(as) da escola. 

No evento Educação 360°, que ocorreu em setembro de 2021, Rodrigo Mendes, fundador do Instituto Rodrigo Mendes, entidade de grande relevância na área, afirmou que a educação inclusiva se distingue por seu potencial de acolher. “A escola inclusiva enxerga que todos(as) têm o direito de interagir e conviver. Isso não quer dizer que a criança não precise de atendimento especializado.  A ideia é que ela vá para a sala de aula e receba, além disso, o atendimento necessário, sem ser privada do convívio com outros(as) estudantes.” 

Qual a situação da educação inclusiva no Brasil?

A partir da década de 1990, o Brasil deu atenção para a pauta da educação universal, que englobava crianças com e sem deficiência. Na mesma época, em 1994, foi publicada a Declaração de Salamanca, resolução da ONU (Organização das Nações Unidas) que instituía como responsabilidade dos Estados assegurar a educação de pessoas com necessidades especiais no sistema educacional regular. O documento ainda afirmava que todas as crianças possuem características, interesses, facilidades e dificuldades únicas.  

Poucos anos depois, em 2001, o Plano Nacional de Educação estabeleceu uma educação voltada para contemplar a diversidade humana como uma das prioridades da época. Em 2003 e 2004, respectivamente, o MEC (Ministério da Educação e Cultura) implementou o Programa Educação Inclusiva e participou do documento O Acesso de Alunos com Deficiência às Escolas e Classes Comuns da Rede Regular. 

Em 2015, foi aprovada a Lei Brasileira de Inclusão, também conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência. No que diz respeito à educação, o texto proíbe que escolas particulares cobrem taxas extras para fornecer os devidos recursos de acessibilidade. Apesar dos desafios que ainda fazem parte da educação inclusiva, essas medidas tiveram efeitos visíveis. Em 1998, apenas 13% dos(as) estudantes com necessidades especiais estavam matriculados(as) em escolas inclusivas. Em 2020, o número chegou a 90%. 

Educação inclusiva: o que é, importância e desafios

Fonte: Reprodução

Qual a importância da educação inclusiva?

A premissa da educação inclusiva está em não estabelecer as diferenças entre os(as) alunos(as) como problemas, mas sim como oportunidades para que todos(as) desenvolvam a empatia, o respeito e o senso de cidadania. De acordo com Mendes, a educação especial nasceu a partir da ideia de que a deficiência é uma impossibilidade, exigindo um atendimento separado. “Logo, escolas exclusivas para pessoas com deficiência não costumam seguir os currículos padronizados e acabam gerando resultados negativos pela falta de interação e de estímulo. Assim, os(as) alunos(as) se tornam adultos dependentes”, comentou. 

Segundo uma análise realizada em 2016 pelo Instituto Alana, em parceria com a consultoria ABT Associates e coordenada por Thomas Hehir, professor da Universidade de Harvard, crianças com necessidades especiais que estudam em escolas regulares se tornam mais independentes e têm mais chance de fazer um curso superior e ingressar no mercado de trabalho. 

O estudo também mostrou que essas crianças aprofundam suas habilidades em leitura e matemática e tendem a ter menos incidentes comportamentais. Por sua vez, quando têm acesso à educação inclusiva, os(as) demais estudantes trabalham não só suas habilidades intelectuais, mas também aprimoram sua formação socioemocional. Convivendo com as diferenças, eles(as) tendem a se tornar pessoas flexíveis, emocionalmente inteligentes e menos propensas a opiniões preconceituosas. 

Quais os desafios da educação inclusiva?

As escolas devem não apenas receber a matrícula de crianças com necessidades especiais, como também garantir todos os recursos para a sua aprendizagem. Isso pode incluir questões de infraestrutura, demandas tecnológicas e de pessoal e mudanças na organização de aulas, materiais e avaliações. Muitas vezes, faltam recursos para a realização dessas ações. 

formação de docentes também é um ponto que merece atenção. Eles(as) precisam estar em constante estudo e atualização sobre o ensino inclusivo e receber apoio da escola e de outros setores da sociedade. A família da criança e os profissionais que atuam com ela, como psicólogos(as), fisioterapeutas e médicos(as), podem ajudar o(a) educador(a) a entender melhor as necessidades do(a) aluno(a). 

Contudo, como afirmou Mendes, não é possível esperar indefinidamente até que as escolas estejam preparadas para receber esses(as) alunos(as). “O convívio com essas crianças também é importante para a formação do(a) professor(a), que não precisa ter uma cartela fixa de soluções, mas saber lidar com alunos(as) com diferentes necessidades”, afirmou ele. 

Outro desafio para a implementação de uma educação inclusiva no Brasil envolve a mudança de paradigma e a conscientização de toda a comunidade. Muitos pais e responsáveis temem que seus(suas) filhos(as) portadores(as) de necessidades especiais sejam hostilizados(as) em escolas regulares. Por outro lado, os(as) familiares dos(as) demais alunos(as) podem acreditar, erroneamente, que a presença de uma criança com deficiência prejudica o andamento das aulas.  

O combate a essas ideias é responsabilidade de toda a sociedade. Segundo Rodrigo Mendes, para que a criança seja acolhida, “as equipes pedagógicas precisam receber preparo e as famílias precisam estar engajadas”. O que achou do nosso texto sobre educação inclusiva, sua importância e desafios? Deixe um comentário! 

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