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Resumo de livro: Dom Casmurro, de Machado de Assis

Olá, leitor!

O livro Dom Casmurro, de Machado de Assis, é considerado uma das mais importantes obras da literatura brasileira, bem como o dono de uma das mais fascinantes e intrigantes personagens femininas da literatura mundial.

Publicado em 1899, é visto por muitos como a melhor obra de Machado de Assis, devido ao seu olhar crítico e certeiro sobre a sociedade, traçando um retrato moral muito fidedigno do Rio de Janeiro do final do século XIX.

Os próprios personagens são exemplos disso. Apesar de construídos de forma sublime, eles carregam figuras comuns e caricatas, estereótipos da sociedade da época, principalmente no que diz respeito à burguesia.

A temática principal é o ciúme, não mais o adultério ou a traição. Independentemente de Capitu ter ou não traído Bentinho, os acontecimentos vindos por conta dessa suspeita mostram-nos o que o ciúme é capaz de fazer, as atitudes extremas que esse sentimento nos leva a cometer.

Outra questão interessante do livro é a presença da ironia e do humor ácido, misturados àquele típico sarcasmo machadiano que encontramos em sua obra realista. Em Dom Casmurro, tais características são emprestadas ao narrador-protagonista, que nos conta a sua história de vida.

As palavras difíceis e a linguagem erudita podem assustar os que ainda não conhecem Machado de Assis, escritor que soube utilizar a norma culta de forma única. Contudo, a leitura de sua obra vale muito a pena, por conta da beleza e do poder de sua literatura.

Machado de Assis é um dos maiores escritores do Brasil e do mundo. Dom Casmurro, um de seus principais livros, merece ser lido e admirado por todos os leitores apaixonados por boa literatura.

“Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Novo, encontrei num trem da Central um rapaz aqui do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu. Cumprimentou-me, sentou-se ao pé de mim, falou da lua e dos ministros, e acabou recitando-me versos. A viagem era curta, e os versos pode ser que não fossem inteiramente maus. Sucedeu, porém, que, como eu estava cansado, fechei os olhos três ou quatro vezes; tanto bastou para que ele interrompesse a leitura e metesse os versos no bolso.

— Continue, disse eu acordando.

— Já acabei, murmurou ele.

— São muito bonitos.

Vi-lhe fazer um gesto para tirá-los outra vez do bolso, mas não passou do gesto; estava amuado. No dia seguinte entrou a dizer de mim nomes feios, e acabou alcunhando-me Dom Casmurro. Os vizinhos, que não gostam dos meus hábitos reclusos e calados, deram curso à alcunha, que afinal pegou.”

Resumo de livro: Dom Casmurro

Fonte: Reprodução

Resumo da obra

A narrativa começa depois dos acontecimentos do livro, ou seja, quando Bentinho se encontra na velhice e leva uma vida solitária e reclusa, o que lhe garante o apelido de Dom Casmurro.

A partir daí, o personagem conta o motivo de escrever suas memórias, que seria relembrar a juventude na velhice.

Em seguida, revela como conseguiu a alcunha de Dom Casmurro: em um episódio no trem, no qual dormiu durante a leitura de alguns versos. No decorrer da narrativa, descobrimos a verdade do apelido: Bentinho é uma  pessoa amargurada e cheia de pompa.

Depois de explicados o título e as motivações de escrever tal livro, o protagonista passa a rememorar a sua infância a partir de um fato que aconteceu quando ele tinha 15 anos e morava com sua família num casarão da Rua de Matacavalos.

O flasback é a advertência de José Dias, o agregado da família, que diz para Dona Glória, mãe de Bentinho, que já estava na hora de cumprir a promessa que fizera no nascimento do garoto: colocá-lo no seminário. Ele andava muito apegado à filha do vizinho, Capitu, e se os dois iniciassem um namoro, seria difícil separá-los.

Enquanto é narrado esse acontecimento, o livro traça um perfil de todos os personagens que compõe a história da obra, caracterizando o casarão de Matacavalos como “a casa dos três viúvos”. O pai de Bentinho falecera, por isso, o Tio Cosme, irmão de sua mãe, também viúvo, viera morar com eles. A mesma coisa fizera a Prima Justina após o falecimento do marido.

Bentinho fica furioso com José Dias. Mas essa denúncia serviu como o despertar do amor dele por Capitu. Até então, não sabia que estava de fato apaixonado por ela, nem pensava que a garota poderia estar interessada nele. Bentinho expõe tudo que ouviu a Capitu e ambos passam a maquinar diversos planos para que ele não vá para o seminário.

Por conta da aproximação, Bentinho passa a vê-la com outros olhos, percebendo que a garota também gostava dele. A relação dos dois se fortalece, levando a muitos episódios interessantes: o primeiro beijo, as primeiras conversas sobre o futuro, as primeiras brigas, os primeiros indícios da personalidade forte e geniosa de Capitu, os primeiros sinais do coração ciumento de Bentinho.

Depois de vários planos sem sucesso, Capitu tem a ideia de que o denunciador, José Dias, poderia ser a salvação de seu amor: Dona Glória o tinha em alta estima e certamente o escutaria. Bentinho pede ajuda a José Dias e, inicialmente, o agregado reluta, dizendo que seria difícil tirar a ideia da cabeça de Dona Glória, visto que era uma promessa santa.

Contudo, após os argumentos de Bentinho, José Dias concorda em ajudá-lo, mas diz que ele teria que começar a frequentar o seminário até encontrar um jeito de tirá-lo de lá.

Portanto, mesmo com êxito no plano, Capitu e Bentinho se separam. Antes prometem um ao outro que se casariam no futuro, selando a promessa com um beijo.

No seminário, Bentinho passa por diversos acontecimentos que florescem ainda mais o seu aspecto ciumento. Entretanto, o fato mais importante desse período é a aparição de Escobar, um seminarista que começa a ter uma grande amizade por Bentinho.

Escobar chega a conhecer a família do amigo e todos passam a adorá-lo instantaneamente. Capitu sente ciúmes da amizade, contudo, após conhecê-lo melhor, também passa a admirar Escobar.

Enquanto José Dias não encontra meios de tirar Bentinho do seminário, Capitu estreita suas relações com Dona Glória, as duas acabam se tornando muito amigas e ficam cada vez mais próximas.

Capitu até conta para ela que Bentinho quer se casar, e não se tornar padre. Escobar, então, sugere a Bentinho que diga para Dona Glória que ela prometera um filho ao seminário, mas não especificou qual. A solução seria adotar uma criança e fazê-la se tornar padre no lugar dele.

Ela, descontente com a situação que criou, pois sentia muita falta do filho, aceita a ideia, não sem antes consultar um padre para saber se não estaria quebrando a promessa. Feito isso, adota um menino escravo e paga todos os custos para que ele se torne um padre.

Não sendo padre, Bentinho teria que ser alguma coisa. Por isso, vai estudar Direito em São Paulo. Nesse momento da história, ocorre um salto temporal que nos traz um Bentinho adulto, formado e voltando para casa após cinco anos de graduação.

O reencontro com a família e com Capitu é marcante. Ele fala para a mãe do amor que sente pela garota, ela aprova a união e eles se casam, seguidos por Escobar, que se casa com Sancha, amiga de infância de Capitu.

Escobar e a esposa têm uma filha. Alguns anos depois, após muitas tentativas, Bentinho e Capitu finalmente conseguem ter um filho, que chamam de Ezequiel, primeiro nome de Escobar, em homenagem ao amigo  e como retribuição por ele ter batizado a filha de Capitolina, nome completo de Capitu.

Ezequiel cresce e Bentinho começa a perceber que ele se parece bastante com Escobar. Contudo, atribui inicialmente o fato à proximidade das famílias e ao apreço do garoto por imitar as pessoas.

Certa vez, após um jantar na casa de Escobar, ele confidencia a Bentinho que está planejando uma viagem para ambos os casais, uma visita à Europa, e que não aceitaria uma recusa como resposta.

Nesse mesmo episódio, Bentinho se sente levemente atraído por Sancha. Na mesma noite, admira o físico de Escobar, fato que para muitos críticos revela que Bentinho sentia mais do que amizade pelo antigo colega de seminário.

Contudo, a viagem não se concretiza: Escobar, nadando em mar revolto na manhã seguinte, acaba morrendo afogado, mesmo sendo um excelente nadador.

Durante o velório, Bentinho, ao perceber uma lágrima rolar pela face de Capitu e ver a maneira que ela olhava para o defunto, teve certeza de que a esposa o havia traído com seu melhor amigo, sendo Ezequiel filho dos dois, e não seu.

Convencido da traição, Bentinho começa a imaginar formas de fugir da vergonha daquela situação, chegando ao ponto de pensar em se suicidar tomando uma xícara de veneno, impulso impedido pela entrada do filho em seu escritório.

Então, ele tem uma segunda ideia: matar o garoto dando-lhe a xícara. Porém, ela também não se concretiza, ele apenas afasta o menino dizendo que não é seu pai.

Nesse instante, Capitu entra no escritório de Bentinho. Ela o confronta, ele acaba por relevar suas suspeitas, mesmo que de forma torpe e ignorante, pois não tem coragem de dizer que ela o traíra com o melhor amigo.

Ambos decidem se separar: segundo Capitu, o casamento de fato havia terminado devido ao ciúme e às paranoias de Bentinho.

Eles viajam para a Europa, onde se separam de forma discreta para evitar alardes. Bentinho retorna ao Brasil sem a família, para viver em sua casa de forma solitária e reclusa.

Os anos se passam e, mesmo com todos a perguntar de Capitu e Ezequiel, Bentinho não conta a ninguém sobre a separação e muito menos sobre a sua desgraça.

Vemos então o fim da família de Bentinho, pois todos os seus parentes morrem: Dona Glória, Tio Cosme, Prima Justina e José Dias. Esses acontecimentos fazem com que ele se isole ainda mais da sociedade.

Tempos depois, chega em sua casa um Ezequiel adolescente, com as feições de Escobar ainda mais evidentes.

O jovem conta ao pai que Capitu falecera. Intimamente, Bentinho se anima com a informação, mas ainda sente grande repulsa pelo filho e não o quer por perto.

Ao perceber as intenções do menino de estudar Arqueologia em Jerusalém, Bentinho prontifica-se a bancar a viagem, chegando até mesmo a desejar que ele pegue uma doença e morra no exterior. Por ironia do destino, ele descobre que o filho morreu de febre tifoide e foi enterrado em Jerusalém.

Para reviver as lembranças, Bentinho constrói uma casa aos moldes do casarão da Rua de Matacavalos, onde passou sua infância e adolescência. Assim, ele se torna Dom Casmurro e decide escrever a história da sua vida.

“Retórica dos namorados, dá-me uma comparação exata e poética para dizer o que foram aqueles olhos de Capitu. Não me acode imagem capaz de dizer, sem quebra da dignidade do estilo, o que eles foram e me fizeram. Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá ideia daquela feição nova. Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca. Para não ser arrastado, agarrei-me às outras partes vizinhas, às orelhas, aos braços, aos cabelos espalhados pelos ombros, mas tão depressa buscava as pupilas, a onda que saía delas vinha crescendo, cava e escura, ameaçando envolver-me, puxar-me e tragar-me. Quantos minutos gastamos naquele jogo? Só os relógios do céu terão marcado esse tempo infinito e breve.”

Estrutura da obra

Dom Casmurro é uma obra dividida em 148 capítulos de diversos tamanhos, com predominância dos mais curtos. Isso faz com que o livro seja bem fluido em termos estruturais.

O enredo também é dinâmico, pois o elemento psicológico de caráter memorialista faz com que a narrativa seja contada por meio de flashbacks, ao mesmo tempo em que é interrompida a todo instante pelas observações do narrador em sua velhice.

Outro aspecto interessante é que, mesmo dentro da linearidade das lembranças, Bentinho ainda corta a narrativa memorialista para contar outros episódios de sua vida que se afastam da história principal da sua juventude.

Narrador, foco narrativo e linguagem

Dom Casmurro traz foco narrativo em primeira pessoa, ou seja, um narrador autodiegético que decide reviver suas memórias da juventude.

Assim, Bento Santiago de Albuquerque escreve sobre o passado de acordo com o seu ponto de vista. Logo, os fatos narrados são parte da opinião dele, ou seja, são extremamente parciais.

Mesmo assim, Machado de Assis criou um personagem complexo que é capaz de influenciar o leitor facilmente, fazendo-o acreditar que o ponto de vista de Bentinho é a verdade absoluta.

Esse ardil do narrador fez surgir a famosa discussão sobre a traição de Capitu, pois, com os elementos apresentados durante a história, é impossível chegar a uma conclusão.

A linguagem do livro, como em toda obra machadiana, é bem erudita, rebuscada e refinada, cheia de referências literárias, artísticas e históricas e até mesmo com expressões em idiomas estrangeiros.

Tempo

O tempo dessa obra, em sua maioria, é o tempo psicológico, por conta do caráter memorialista, sempre misturando presente e passado.

Contudo, mesmo dentro das lembranças do narrador protagonista, podemos encontrar uma linearidade temporal, marcada por alguns acontecimentos importantes que são datados ao longo da obra.

Quando voltamos ao passado para conhecer Bentinho aos 15 anos, estamos em 1857.  No ano seguinte, em 1858, ele parte para o seminário.

O casamento com Capitu acontece em 1865. A morte de Escobar, em 1871. Em 1872, Bentinho confronta Capitu sobre a traição e eles decidem se separar.

Além disso, é importante ressaltar que, mesmo dentro das lembranças, encontramos digressões e devaneios do narrador, que conta, vez ou outra, episódios de sua vida fora da linearidade.

Espaço

O espaço principal é a cidade do Rio de Janeiro da segunda metade do século XIX. Há menções a diversos lugares, como Engenho Novo, Andaraí, Glória, Rua de Matacavalos, entre outros.

O espaço tem importância na obra, pois, por meio dele, conseguimos traçar o contexto histórico, social e cultural da sociedade carioca da época, principalmente no que diz respeito à burguesia.

Outro aspecto interessante é o fato de alguns acontecimentos ocorrerem em forma de ciclos. Por exemplo, entre a ida de Bentinho ao seminário e o casamento com Capitu, passa-se um período de sete anos. Outros sete vão do casamento até o conturbado fim da relação.

Não é mera coincidência, Machado de Assis faz isso propositalmente para formar um ciclo em toda a obra. Ciclo que pode ser percebido até mesmo no espaço. Quando Bentinho reproduz a casa de Matacavalos no Engenho Novo após a sua velhice, ele está tentando atar as duas pontas de sua vida e, assim, retomar o curso de sua própria história.

Contexto histórico

O contexto histórico retrata a segunda metade do século XIX, logo após o processo de Independência do Brasil, quando a antiga capital, Rio de Janeiro, passava por intensas mudanças.

Além de trazer um país em construção, em constante transformação social e econômica, o livro mostra a contradição entre o estabelecimento das bases capitalistas no Brasil e a persistência dos hábitos e pensamentos conservadores.

“Enfim, chegou a hora da encomendação e da partida. Sancha quis despedir-se do marido, e o desespero daquele lance consternou a todos. Muitos homens choravam também, as mulheres todas. Só Capitu, amparando a viúva, parecia vencer-se a si mesma. Consolava a outra, queria arrancá-la dali. A confusão era geral. No meio dela, Capitu olhou alguns instantes para o cadáver tão fixa, tão apaixonadamente fixa, que não admira lhe saltassem algumas lágrimas poucas e caladas… As minhas cessaram logo. Fiquei a ver as dela; Capitu enxugou-as depressa, olhando a furto para a gente que estava na sala. Redobrou de carícias para a amiga, e quis levá-la; mas o cadáver parece que a retinha também. Momento houve em que os olhos de Capitu fitaram o defunto, quais os da viúva, sem o pranto nem palavras desta, mas grandes e abertos, como a vaga do mar lá fora, como se quisesse tragar também o nadador da manhã.”

Principais personagens

Os principais personagens de Dom Casmurro são:

Bentinho

Personagem narrador que conta sua própria vida desde a juventude de forma parcial e tendenciosa.

Na adolescência, Bentinho mostra-se mimado, apegado à mãe e de personalidade fraca, facilmente influenciado. Contudo, já podemos encontrar traços de uma índole ciumenta, imaginativa e fantasiosa.

Isso faz com que os críticos o considerem um personagem plano, ou seja, sem muita força dentro da narrativa. Contudo, ao longo do romance, conhecemos o Bentinho ciumento e perigoso, que toma medidas extremas ao se afastar de sua mulher e seu filho. Esses fatos poderiam caracterizar uma evolução, tornando-o um personagem redondo e complexo.

Como Capitu, com todas as nuances mostradas ao leitor, é o retrato do ponto de vista de Bentinho, ele tende a ser o único personagem certamente complexo da obra, sendo a amada uma reprodução da sua própria personalidade. Entretanto, esse ponto é apenas uma possibilidade aberta a diversas análises.

Capitu

Personagem tida como a mocinha ou a vilã da obra, a depender do ponto de vista e da interpretação do leitor. Toda a narrativa gira em torno dela.

Capitu é considerada a personagem feminina mais complexa da literatura brasileira. Sua personalidade é tão forte e profunda que é impossível decifrar a dúvida levantada pela obra: a traição com Escobar.

Ela é descrita desde a juventude como uma mulher forte e determinada, chegando a elaborar planos, fazer dissimulações, mentir e enganar para livrar Bentinho do seminário, o que a caracteriza como o oposto do amado na adolescência, sempre submisso e fraco.

As próprias expressões utilizadas no romance para caracterizar os olhos de Capitu – “olhos de cigana oblíqua e dissimulada” e “olhos de ressaca” – mostram-na como portadora de uma personalidade feminina marcante e poderosa.

Entretanto, ela é descrita por Bentinho, que pode estar afetado pelo ciúme e pela raiva. Logo, também é impossível sabermos se a Capitu verdadeira é realmente dissimulada e ardilosa.

Escobar

Escobar, melhor amigo de Bentinho, é outro personagem importante, pois forma uma espécie de triângulo amoroso, item muito presente na obra machadiana.

Ele é descrito de maneira enigmática, com aspectos peculiares e misteriosos. Primeiramente, há o interesse de Escobar, logo ao conhecer Bentinho, pelas somas de ganhos da família do colega. Depois, mostra-se propício à aproximação de Dona Glória, o que sutilmente indica que Escobar possa ser um interesseiro.

Esses detalhes, verdadeiros ou não, abrem brecha para acreditarmos que tanto ele quanto Capitu somente estariam com Bentinho por seu prestígio social e sua boa condição financeira.

Contudo, mais uma vez, essa é apenas uma interpretação que pode encontrada nas entrelinhas, nas sutis pistas deixadas na narrativa contada pelo ciumento Bentinho.

Relevância da obra

Dom Casmurro é de extrema relevância para a literatura brasileira: faz parte da trilogia realista machadiana, é considerada a obra mais madura de Machado de Assis, traz uma das personagens mais complexas da literatura mundial e questiona a verdade, a realidade.

A própria escrita de Machado de Assis torna o livro importante para a literatura nacional, pois ele, como nenhum outro escritor, conseguiu retratar a sociedade brasileira de forma fidedigna, realista e crua, traduzindo o povo do Brasil em personagens memoráveis.

A intensidade dos diálogos, os segredos sutis nas entrelinhas, o retrato das emoções humanas e da própria arte, por meio da metalinguagem, fazem de Dom Casmurro uma obra-prima.

“Agora, por que é que nenhuma dessas caprichosas me fez esquecer a primeira amada do meu coração? Talvez porque nenhuma tinha os olhos de ressaca, nem os de cigana oblíqua e dissimulada. Mas não é este propriamente o resto do livro. O resto é saber se a Capitu da Praia da Glória já estava dentro da de Matacavalos, ou se esta foi mudada naquela por efeito de algum caso incidente. Jesus, filho de Sirach, se soubesse dos meus primeiros ciúmes, dir-me-ia, como no seu cap. IX, vers. 1: “Não tenhas ciúmes de tua mulher para que ela não se meta a enganar-te com a malícia que aprender de ti”. Mas eu creio que não, e tu concordarás comigo; se te lembras bem da Capitu menina, hás de reconhecer que uma estava dentro da outra, como a fruta dentro da casca. E bem, qualquer que seja a solução, uma cousa fica, e é a suma das sumas, ou o resto dos restos, a saber, que a minha primeira amiga e o meu maior amigo, tão extremosos ambos e tão queridos também, quis o destino que acabassem juntando-se e enganando-me… A terra lhes seja leve! Vamos à “História dos Subúrbios”.”

Gostou da nossa análise de Dom Casmurro, de Machado de Assis? Confira os resumos dos outros livros da tríade realista do autor:

Até logo!

comentários (3)

  • Jorge Alcantara

    Que conteúdo incrível, muito bem explicado e desenvolvido, tenho acompanhado as postagens e estão sempre muito bem escritas e didáticas! Parabenizo a todos os envolvidos…

    Responder
    • Ariovania Silva

      Olá, Jorge.
      Tudo bem?
      Maravilha que tenha gostado!
      Fique à vontade para desfrutar de outros materiais e dicas de cursos aqui no Canal! 🙂

      Um forte abraço e conte sempre com a gente!
      Canal do Ensino.

      Responder
  • NATANAEL

    Muito bom, gostei……….pratico direto e didático…..Parabéns.

    Responder

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