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Dislexia: O que é isso, afinal?

Olá, leitores do Canal do Ensino!

A dislexia cada vez mais se torna um tema recorrente na sociedade, já que esta dificuldade é muito comum. Você sabia que em média 10% da população tem dislexia?

O que sempre foi um tabu nas escolas – entre pais, professores, educadores e crianças – e também fora delas, atualmente ganha mais atenção e compreensão.

A dislexia não é uma doença e nem uma sentença de que a pessoa não consiga aprender ou se desenvolver, tampouco afeta apenas as crianças e adolescentes, mas também adultos. Nada impede que a pessoa disléxica seja uma pessoa inteligente e bem sucedida. Confira agora o que é dislexia, como abordar corretamente o tema e quais seus principais sintomas e aspectos.

O que é dislexia?

O primeiro passo para compreender o que é a dislexia é percebê-la sem preconceitos. Não se trata de uma deficiência ou uma doença, como muitos creem. A dislexia na verdade é um distúrbio de origem genética e neurobiológica, que se caracteriza pela falta de clareza e desordem na compreensão de letras e informações na hora de ler o que está escrito e, consequentemente, de escrever. Os sintomas e grau da disfunção varia de pessoa para pessoa, e com o estímulo correto, tendem a se atenuar com o tempo.

Para se ter uma ideia, a pessoa acometida de dislexia apresenta dificuldades em decodificar as letras e isso interfere na escrita e na leitura. Há uma dissociação entre a letra escrita e o som que ela representa. Mas isso nada tem a ver com falta de capacidade intelectual, com preguiça ou com outros problemas similares.

Por muitos anos, professores e pais não sabiam distinguir a dislexia de outros obstáculos no processo de aprendizagem e o aluno disléxico era mal compreendido e muitas vezes estereotipado. Até mesmo o próprio disléxico pode se perceber como diferente ou incapaz, já que está inserido em um contexto em que o bullying, as críticas, as pressões, a ridicularização são frequentes neste caso.

Contudo, as práticas educativas mais atuais já compreendem e envolvem o estudante disléxico de modo a contribuir mais significativamente para a sua aprendizagem. O atendimento a pessoa disléxica envolve profissionais de diferentes áreas em uma abordagem interdisciplinar e em geral ocorre ainda nos primeiros anos escolares.

Quais os principais sintomas da dislexia?

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Como a dislexia é caracterizada pela confusão na hora de decodificar letras, o que impacta na leitura, é comum que a pessoa disléxica confunda as palavras pela ordem – da direita para a esquerda -, omita certas sílabas ou letras ou ainda troque letras, como w-m, p-q, p-b, b-d, a-o entre outras que sejam similares. Ao invés, ao invés de escrever “mato”, poderá escrever “toma”, por exemplo.

No caso da leitura, é comum a pessoa pular linhas ou palavras, acrescentar letras, trocar palavras ou expressões inteiras, etc. Nem sempre a pessoa compreende o que leu após finalizar a leitura.

Além disso, as pessoas com dislexia, em geral, apresentam caligrafia bastante irregular, possuem grande dificuldade de leitura, não possuem uma variação muito grande de vocabulário e podem se sentir muito frustradas. O fracasso escolar é algo complexo: a falta de compreensão, de trabalho conjunto (de pais, professores e outros profissionais) e de técnicas diferentes no seu processo de ensino-aprendizagem podem levar ao atraso escolar. Com o tempo, o desinteresse da criança é percebido, além de dificuldades de cumprir e executar as tarefas ou de decorar fórmulas e a tabuada, por exemplo.

Estes são alguns sintomas comuns que irão ajudá-lo a diagnosticar a dislexia

  • A leitura é dificultosa e silabada.
  • Há incompreensão da leitura, principalmente no período de alfabetização.
  • Como possui dificuldades para ler, a criança passa a fazer adivinhações, como por exemplo, “faminto” por “família”, ou por outra palavra mais frequente em seu vocabulário.
  • É comum omitir, acrescentar, trocar ou inverter palavras, sílabas ou letras.
  • A junção ou a separação de letras e palavra sé também bastante comum: por exemplo, “ele tem uma galinha” – “ele tem um a galinha”.

Veja outros sintomas neste podcast sobre dislexia, do Centro Apoio Departamento Psicopedagógico.

Principais características de um disléxico

Em geral, além dos sintomas apontados acima, os disléxicos possuem algumas características comuns observáveis, tais como:

  • Falta de interesse gradual com os temas escolares.
  • Aquisição da fala de modo tardio.
  • Dificuldades em seguir rotinas.
  • Problemas em narrar histórias conhecidas.
  • Frustração geral em relação aos sintomas da dislexia.
  • Dificuldades para discriminar sons, com comprometimento da compreensão fonológica e da memória auditiva.
  • Problemas ao confundir a direita e a esquerda.
  • Sente-se triste, envergonhado, com a impressão de ser incapaz ou inferior às demais pessoas.
  • Apresenta pouca confiança em si mesma e nas suas capacidades.
  • Pode-se sentir inseguro ou com medo da reação das pessoas.
  • Pode possuir autoestima comprometida.
  • Algumas pessoas apresentam ainda problemas comportamentais: apatia e indiferença, oposição, déficit de atenção e concentração, etc.
  • Dificuldades na percepção visual-espacial e espaço-temporal.

Como saber se seu filho é disléxico?

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O primeiro passo é observar os aspectos e sintomas já citados. Conversar com os professores é muito importante, pois pode esclarecer muitas dúvidas sobre o que é ou não comum em termos de aprendizagem para as diferentes faixas etárias. Muitas vezes é preciso consultar outros especialistas, como fonoaudiólogos, psicopedagogos, neurologistas, etc. Apenas um especialista pode fazer testes e exames mais aprofundados que confirmem o problema.

Muitos outros problemas que levam aos obstáculos na aprendizagem podem ser confundidos com dislexia – de problemas de visão ou audição ao TDAH – Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade, entre outros problemas.

É importante ressaltar ainda que a dislexia pode ser responsável pela reprovação escolar, sendo que até 20% das reprovações estão relacionadas a ela. Não é um transtorno pouco comum, já que atinge de 10% a 20 % da população mundial, como acreditam os especialistas. Você pode conferir outros dados no site da Associação Brasileira de Dislexia.

Outro detalhe importante é que a dislexia não está associada a condições econômicas, classe social, desatenção, alfabetização insuficiente ou capacidade intelectual. Desta forma, pessoas de diferentes origens sociais podem apresentar dislexia, que é mais comum de ser percebida a partir dos 8 anos de idade (ou terceiro ano do Ensino Fundamental), já que é comum entre crianças menores trocar letras ou palavras ou terem dificuldades semelhantes às deste transtorno. Há ainda adultos e adolescentes disléxicos, apesar de que, com a intervenção e estímulos adequados, é possível amenizar bastante seus efeitos.

Teste de dislexia online

O Instituto Português de Dislexia e Outras Necessidades Especiais, elaborou três opções de testes que qualquer pessoa pode fazer pela internet.

Vale lembrar, que os testes não substituem o acompanhamentos de um profissional de saúde.

Filmes sobre dislexia

Confira a comovente história de Ishaan Awasthi, um menino de 9 anos que não consegue aprender e afirma que as letras se embaralham à sua frente. O filme se chama Como estrelas na terra, uma produção indiana. e que retrata muito bem a condição da dislexia.

O filmes conta a história de Scott, um garoto de treze anos que vive com sua mãe e tem dificuldades com a leitura e os colegas da escola.

Livros sobre dislexia

O autor mostra, em 34 capítulos divididos em quatro grandes blocos — “O que é realmente a dislexia”, “O pequeno D.P. – uma teoria de desenvolvimento da dislexia”, “O dom” e “Fazendo algo a respeito” — que, para início de conversa, a leitura e a escrita não são as únicas situações em que os sintomas da dislexia aparecem.

Neste livro, de natureza eminentemente interdisciplinar, os autores expõem de maneira didática os aspectos neurobiológicos e cognitivos que subjazem aos padrões comportamentais da dislexia no sentido de reconhecê-la e implementar estratégias efetivas e precoces de intervenção.

A obra apresenta ideias inovadoras em nível de prevenção da dislexia na Educação Infantil, por meio de propostas lúdicas estimulantes, eficazes e com fundamentação teórica consistente.

A obra problematiza o reconhecimento da dislexia como distúrbio ou dificuldade de aprendizagem da escrita.

Esta obra aborda o tema da inclusão social associada ao da aceitação das diferenças e diversidades, procurando aproximar os pequenos leitores de alguns universos sociais, como o da dislexia.

O que causa a dislexia?

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A origem da dislexia ainda é um tema controverso. Contudo, os especialistas no assunto são unânimes em relacioná-la a fatores genéticos. Desta forma, em uma família em que há uma pessoa disléxica, é possível que haja pessoas com problemas fonológicos, por exemplo, e nem é preciso que estes sejam disléxicos. Isso porque a dislexia está relacionada a alterações no gene do cromossomo 6, conforme Farrel (2008). Se os pais são disléxicos, a criança tem até 70% de chances de ser disléxica.

Como a dislexia é diagnosticada?

Apenas uma avaliação interdisciplinar pode confirmar a existência de dislexia. Caso seja erroneamente confirmada, pode piorar ainda mais o processo de ensino-aprendizagem. Afinal, a pessoa pode apresentar diferentes problemas de aprendizagem e não ser disléxica.

Contudo, os pais devem estar atentos desde a mais tenra idade, antes mesmo da criança ir à escola, quanto aos seus sintomas, e assim devem seguir até a maioridade. Sintomas diferentes podem ficar mais evidentes em idades distintas.

Quando o problema for de fato confirmado, os pais podem buscar um direcionamento mais assertivos para a educação de seu filho. Nas últimas décadas, as técnicas e estratégias avançaram consideravelmente para que a criança tenha apoio e seja estimulada a sua maneira. Tudo é uma questão de atitude e diálogo: a criança deve ser apoiada no seu processo de ensino-aprendizagem e deve ficar claro que ela tem todas as condições de aprender, mas que aprende ao seu modo.

Tipos de dislexia

Os especialistas em dislexia a dividem em três tipos básicos associados ao desenvolvimento:

  • Dislexia auditiva ou disfonética: Ocorre quando a pessoa não consegue perceber adequadamente os sons. Pode ser identificado pelas dificuldades com a fala, os erros silabares na hora de escrever, falhas na leitura quando há trocas de grafemas-fonemas, por exemplo. É caracterizada ainda pela dificuldade de discriminar os sons de letras, distinguir diferentes sons, não compreender os sentidos nas sequências de palavras, dificuldades em narrar histórias, etc. No entanto, a audição do disléxico pode ser normal.
  • Dislexia visual ou diseidética: Este tipo de dislexia se caracteriza pela dificuldade de diferenciar os lados direito e esquerdo. Contudo, a pessoa pode apresentar ainda erros na leitura, quando não consegue ver as palavras de modo adequado ou até mesmo com diferentes erros ortográficos na hora de escrever. Nada tem a ver com a dificuldade de visão, mas como a incapacidade de captar aquilo que de fato vê.
  • Dislexia mista: A pessoa pode ter ainda diferentes tipos de dislexia, ou seja, poderá ter dificuldades visuais e auditivas paralelamente. Isso se dá o nome de dislexia mista.

Como os professores podem ajudar com dislexia?

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Cada vez mais as universidades têm trazido em suas ementas para os cursos de licenciatura e educação temas e capacitações que possam ser úteis na prática diária do professor quanto ao diagnóstico da dislexia. Como se trata de um assunto bastante recente e como o percentual de disléxicos é grande, é importante que o profissional esteja disposto ainda a se capacitar constantemente sobre o tema, para que possa ser mais efetivo na sua rotina.

cursos sobre dislexia sendo oferecidos em todo o país e você pode ainda estudar pela internet. Veja também a aula online – A dislexia e como lidar com o “diferente” em sala de aula, oferecida no site da Universidade de São Paulo – USP.

O professor deve estar atento a toda e qualquer situação que interfere na dificuldade de aprendizagem de seu aluno. Contudo, no caso da dislexia, é preciso observar se há situações em que ocorre dificuldade em ler frases simples, trocar palavras por outras sem sentido, pular linhas de um texto, substituir ou alterar palavras e sílabas e até mesmo confundir os significados de palavras. Se em relação à leitura e à escrita há atrasos consideráveis, pode ser um sinal de dislexia.

Conheça também o aplicativo Aramumo, com diferentes atividades que estimulam a criança a associarem as palavras ouvidas com as escritas. (Este site deixou de exibir o conteúdo. Atualizado em 05/12/2019)

Dislexia tem cura? Qual o tratamento?

A dislexia, como dito anteriormente, não é uma doença e, desta forma, não tem “cura”. É uma disfunção com a qual a pessoa precisa se adaptar e encontrar os melhores meios para aprender e superar o problema.

Normalmente, cada pessoa aprende as coisas de um modo, ou seja todo mundo tem o seu jeito próprio para aprender e se desenvolver e fazemos isso ao longo de toda a nossa vida. Com a pessoa disléxica não é diferente: o tratamento, as intervenções e a motivação devem ocorrer de modo personalizado, considerando o seu grau, idade e características pessoais.

É importante dizer que quanto antes houver o diagnóstico e a intervenção, melhores serão os resultados e mais facilmente serão observados. Há uma infinidade de técnicas e ações que podem impulsionar o desenvolvimento da pessoa disléxica, conforme as suas particularidades. Desta forma, as estratégias que funcionam para uma pessoa, podem não ser tão efetivas para outras. Mas é certo dizer que há sempre possibilidades e escolhas para que o disléxico tenha uma experiência de aprendizagem satisfatória e encontre a melhor forma de aprender.

Veja também: como o Microsoft OneNote pode ajudar as pessoas que têm dislexia ou déficit de atenção.

E você, tem alguma dica ou experiência para compartilhar sobre Dislexia? Comente abaixo!

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