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Conheça 7 tipos de argumentos e veja como usá-los

Olá, leitor(a)!  

Saber como expressar uma opinião ou uma informação, muitas vezes, é o que vai definir a percepção do(a) interlocutor(a) sobre elas. No filme O Grande Desafio (2007), acompanhamos, por exemplo, a importância da arte de argumentar não só para garantir uma vida acadêmica promissora, mas também, e principalmente, para explicar problemas sociais e os possíveis caminhos para resolvê-los. 

Isso porque a produção narra a vida de jovens negros(as), em uma cidade marcada por terríveis episódios de racismo, e as conquistas deles(as) a partir da criação de um grupo de debate. Nesse sentido, e para que nossos(as) leitores(as) possam usar a argumentação em prol de mudanças tanto no âmbito particular quanto no público, selecionamos 7 tipos de argumentos eficazes e vamos explicar em que circunstâncias usar.  

Argumentação e a importância dela em diferentes situações

Conforme define o dicionário, argumentação é o conjunto de razões que serve para sustentar uma conclusão sobre algo. Esse conceito está diretamente ligado ao de retórica, ou seja, à arte da persuasão, e remonta à Grécia Antiga — período em que nasce a democracia. O clássico filósofo grego Aristóteles aborda o tema, em obra intitulada Retórica, e defende que compreender as práticas persuasivas é fundamental para o exercício da cidadania.  

Para ele, dominar as estratégias de convencimento não só ajuda na busca pela verdade e na exposição dela, mas também, e essencialmente, na identificação dessas técnicas em discursos alheios. Assim, é possível desenvolver um olhar mais crítico e menos manipulável, reconhecendo com destreza se um argumento está baseado em premissas verdadeiras ou em falácias — termo oriundo do latim fallacia, que em português significa “enganar”.  

Explicando de outro modo, podemos pensar no argumento como um raciocínio lógico, que parte de uma ou mais afirmações (premissas) para defender uma ideia (conclusão). A construção de um bom argumento, então, precisa fazer com que tudo o que foi defendido esteja bem costurado com o pensamento final. Nesse sentido, não basta que o argumento esteja amparado por verdades, ele precisa também ser bem elaborado 

Considerando isso, são infinitas as áreas e situações em que ter essa competência faz muita diferença, do convívio familiar à vida acadêmica. Por exemplo, ao prestar vestibular, reconhecer as técnicas discursivas auxilia não apenas na interpretação de textos, consequentemente na escolha de alternativas mais adequadas aos enunciados, como também na produção de uma boa redação dissertativa-argumentativa.   

No âmbito profissional, por sua vez, saber argumentar pode garantir a aprovação de ideias para um projeto, a venda de produtos e serviços para clientes ou um acordo com a chefia para um aumento salarial. Ainda, e considerando que uma boa argumentação se apoia em diversos raciocínios, ela pode promover a criatividade e auxiliar na construção de novas ideias e ações.  

7 tipos de argumentos e como usá-los

Conheça 7 tipos de argumentos e veja como usá-los

Fonte: Reprodução

O respeito à opinião alheia é necessário, principalmente em um mundo repleto de diversidade, mas mais importante é entender que opinião não é um argumento. Ao defender ideias, sejam elas baseadas em dados confiáveis ou em vivências pessoais, é fundamental seguir uma lógica. Não basta dizer “essa é minha opinião” ou “isso é verdade, eu sei por experiência própria”, suas afirmações precisam fazer sentido e se conectarem entre si e com a conclusão.   

Nesse sentido, conforme enfatiza a advogada e apresentadora Gabriela Prioli em suas palestras e discursos, é preciso ter mais razão e menos emoção. Por isso, para ajudá-los(as) a expressar com maior desenvoltura e embasamento um ponto de vista, uma informação ou um pensamento, organizamos 7 tipos de argumentos que podem ser usados de modo eficaz em qualquer situação. Vejamos:  

1. Argumento de raciocínio lógico

Nesse tipo de estratégia argumentativa, a construção do raciocínio segue o esquema de causa e efeito. O que significa dizer que são apresentados os motivos para um determinado problema e as consequências deles. Em redações, por exemplo, após a apresentação das ideias, costuma-se usar os conectivos “logo”, “porque”, “consequentemente”, “em razão disso”, “por isso”, entre outros.  

Na lógica filosófica, seria como expor uma ou duas premissas e inferir uma conclusão a partir delas. Por exemplo: Todo mamífero é vertebrado, o elefante é um mamífero, logo, o elefante é vertebrado. No trabalho, seria possível defender: Todas as pessoas com alto desempenho devem ser bem remuneradas, Giulia possui um alto desempenho em suas tarefas, logo, Giulia precisa ser bem remunerada.  

2. Argumento de evidência

Método muito usado no meio jornalístico e acadêmico-científico, esse se apoia fundamentalmente na análise de dados, como estatísticas, e provas concretas. Inclusive, é preciso estar muito atento(a) e tomar cuidado com textos e discursos que usam um tipo de falácia comum, conhecida como “inverter o ônus da prova”, em que se assegura algo que não é possível provar.  

Por isso, para que o argumento de evidência seja válido, as referências e fatos precisam não só estar bem expostos como também acessíveis para quem os recebe, por meio de links ou menção às obras citadas. Em redações, por exemplo, utilizam-se conectivos como: “segundo”, “de acordo com”, “conforme explica”, “a partir da análise”, entre outros. 

3. Argumento de referência histórica

Diferentemente do que se possa pensar, essa estratégia não é usada somente por historiadores(as). Para utilizar uma argumentação com base em referência histórica, é possível se basear, sim, em acontecimentos passados e presentes que marcaram o mundo, mas também naqueles do calendário pessoal.  

Em contextos jurídicos, por exemplo, analisar os últimos eventos vividos pelas pessoas implicadas em um processo que envolve um crime pode ser essencial para inocentar ou culpabilizar alguém. Nessa lógica, serão considerados fatos, locais, datas, horários e outras informações. Alguns termos discursivos usados para essa técnica são: “hoje”, “atualmente”, “antes”, “depois”, “pouco depois”, “frequentemente”, “desde”, entre outros.  

4. Argumento de autoridade

Como o próprio nome sugere, esse argumento se respalda em uma autoridade, isto é, uma figura de prestígio que domina o tema que está sendo discutido. O objetivo é dar maior credibilidade para os argumentos apresentados, mas, para que eles sejam válidos, é preciso que a personalidade e a citação escolhidas tenham relação com o contexto. Ainda, é necessário considerar que isso pode trazer contra-argumentos falaciosos, como o Ad Hominem, em que ao invés de contestar as afirmações, ataca-se a pessoa.  

Por exemplo, ao defender uma estratégia política usando como argumento de autoridade uma figura que gera dissenso público, é possível que alguém profira xingamentos contra a pessoa em vez de debater as ideias. Para uma boa aplicação do argumento de autoridade, então, referir-se a teóricos(as) que possuem a integridade incontestada e são respeitados(as) mundialmente, por diferentes tipos de pessoas, é um bom caminho. Os conectivos usados podem ser os mesmos do argumento de evidência, ou seja, “segundo tal pessoa”, “conforme diz tal pessoa”, entre outros.  

5. Argumento de associação

Mais uma estratégia que deve ser usada com atenção para evitar falácias como a post hoc ergo propter hoc, que significa “depois disso, portanto por causa disso”, e a falsa analogia. Assim como a argumentação por associação, esses recursos falaciosos fazem relações, mas sem qualquer compromisso com a verdade ou a complexidade das questões discutidas. Dessa forma, é comum que formem frases como “os índios eram ingênuos e preguiçosos, por isso foram colonizados” ou “se um estudante de periferia conseguiu passar em medicina, todos conseguem”.  

Para usar essa estratégia argumentativa com responsabilidade e evitar a possibilidade de refutação, a relação entre as duas ideias precisa estar bem estruturada e fazer sentido. Por exemplo, é possível abordar a educação de crianças e jovens fazendo associações com os livros de Harry Potter, explicando como funciona o aprendizado na escola de bruxos(as). Em redações que fazem uso dessa técnica, pode-se usar os conectivos “do mesmo modo”, “igualmente”, “assim como”, “semelhante ao que acontece”, entre outros.  

6. Argumento de consenso

Esse tipo de argumento não é o mais adequado para textos acadêmicos ou teses científicas, pois, nesses casos, as premissas colocadas requerem dados precisos e métodos rigorosos de confirmação. Contudo, em palestras, seminários ou apresentações de projetos, o argumento de consenso pode auxiliar na simplificação de uma ideia e na aproximação dela com o(a) interlocutor(a).  

Nele, a afirmação pode ser de conhecimento universal ou aceita por todas as pessoas. Isso acontece, por exemplo, quando se diz “todos são iguais”, “toda criança tem direito a um lar” ou “uma boa educação faz diferença na vida das pessoas”. Para costurar essas premissas de forma organizada, em uma redação, é possível usar as expressões: “como já é sabido”, “de acordo comum”, “por unanimidade”. 

7. Argumento de enumeração

O último argumento selecionado é perfeito para aquelas pessoas que adoram fazer lista, pois a principal estratégia dele é separar e organizar diversos fatos e informações que serão conectadas aos argumentos apresentados. Desse modo, fica mais difícil rebater o que está sendo defendido, uma vez que são oferecidas diferentes perspectivas e dados sobre a questão.  

Para estruturar esse método em uma redação, os conectivos entre parágrafos mais comuns são: “antes de mais nada”, “primeiramente”, “além disso”, “ademais”, “outro modo de ver”, “ainda”, entre outros. Agora, para aplicá-lo em uma apresentação ou seminário, uma possibilidade é elencar os argumentos em tópicos, priorizando relevância e nível de complexidade, do mais simples para o mais complexo.   

Conteúdo extra 

Para quem deseja se aprofundar no tema, o Portal de Livros Abertos da Universidade de São Paulo (USP) disponibiliza o e-book gratuito Argumentação e discurso: fronteiras e desafios (2020). O conteúdo foi organizado pelos(as) professores(as) doutores(as) Zilda Gaspar Oliveira de Aquino e Paulo Roberto Gonçalves Segundo, ambos da USP, e a professora doutora da Universidade do Porto Maria Alexandra Guedes 

O livro, dividido em 20 capítulos com diferentes autores(as), é uma transposição das VIII Jornadas Internacionais de Análise do Discurso e do III Congresso Internacional de Estudos do Discurso. Nele, veremos discussões sobre a argumentação a partir de diversas perspectivas e campos do saber, como as narrativas literárias direcionadas às crianças e as audiências de conciliação. Para realizar o download do e-book, basta clicar aqui 

E agora, você já se sente capaz de travar grandes debates nos meios em que convive? Deixe nos comentários quais estratégias pretende usar!  

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