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Campos de experiência da educação infantil: tudo que você precisa saber 

Olá, leitores!

O cuidado e a educação dedicados à criança na primeira infância têm sido motivo de diversas discussões realizadas por educadores devido ao seu grau de importância para o desenvolvimento infantil e seu impacto para a sociedade, que é percebido quando a criança atinge a idade adulta.

Para Freud (1973) “aspectos extremamente significativos de nosso desenvolvimento pessoal e emocional são determinados durante os primeiros 7 anos de vida. Desse modo, práticas inadequadas na educação das crianças resultarão em prejuízos para o seu comportamento quando adultos.”

O período da educação infantil é considerado a base do processo educativo. Portanto, esta época precisa oferecer um ambiente no qual a infância possa ser vivida em sua integralidade, como é estabelecido pela LDB (Leis de Diretrizes e Bases), no artigo 29.

Art. 29 – A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013).”

É dever do Estado assegurar que a criança receba educação básica entre 0 e 6 anos de idade, como determina o artigo 30 da LDB: “Art. 30. A educação infantil será oferecida em: – creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até 3 (três) anos de idade; II – pré-escolas, para as crianças de 4 (quatro) a 6 (seis) anos de idade (..)(Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013).

O atendimento dentro das instituições de ensino deve ser metodicamente planejado, para que a prática do brincar se conecte à prática do aprender, proporcionando à criança o ambiente ideal para que haja as descobertas necessárias para a construção do conhecimento.

Após a publicação da LDB nº 9394/96, a função da creche e da pré-escola deixou de ser somente realizar os cuidados básicos com as crianças e passou a incluir a promoção da educação de alunos de 0 a 5 anos de idade. Sendo assim, a educação infantil foi definida como a primeira etapa da educação básica.

A criança busca, desde o seu nascimento, incorporar a cultura da sociedade em que vive. Como o comportamento humano é resultado da convivência com outras pessoas, a família e a escola se tornam um agente socializante, determinando o comportamento da criança.

Portanto, é fundamental que a criança viva em um ambiente que favoreça seu crescimento e desenvolvimento de maneira espontânea. É aqui que a educação infantil se destaca, sendo o principal personagem para que esse processo ocorra.

O trabalho do professor de educação infantil envolve o uso de práticas pedagógicas, como jogos e brincadeiras, que fazem com que o conhecimento adquirido pela criança evolua de maneira livre e satisfatória.

A qualidade da educação infantil

Campos de experiencia da educação infantil

Fonte: Reprodução

A educação infantil deve ter qualidade para que o desenvolvimento da criança seja completo e adequado.

O documento “Critérios para o Atendimento em Creches que Respeitem os Direitos Fundamentais da Criança” (1995/2009), dá início oficial às preocupações do Ministério da Educação com a importância da qualidade da educação infantil. O documento traz os elementos necessários para que haja um atendimento adequado nessa fase escolar. Entre eles, destacam-se:

  • atenção individual;
  • proteção;
  • contato com a natureza;
  • desenvolvimento de identidade cultural, racial e religiosa;
  • afeto e amizade;
  • ambiente aconchegante, seguro e estimulante;
  • direito de expressar seus sentimentos;
  • atenção especial durante o período de adaptação à creche;
  • alimentação saudável, higiene e saúde;
  • desenvolvimento da curiosidade, imaginação e capacidade de expressão infantil;
  • movimentos em espaços amplos e comprometimento com o bem-estar e desenvolvimento da criança;
  • respeito aos direitos fundamentais da criança.

Sendo assim, a qualidade na educação infantil se dá a partir da construção de propostas curriculares e pedagógicas que abordem a realidade em que a criança vive, permitindo que ela relacione o que é passado em sala de aula com o seu contexto fora do ambiente escolar.

Ao receber uma educação infantil com a devida qualidade, a criança tem a oportunidade de:

  1. Ter maiores ganhos no desenvolvimento cognitivo em curto prazo;
  2. Melhorar os níveis de aprendizagem em médio prazo;
  3. Melhorar na escolaridade e renda em longo prazo.

Para que a qualidade ocorra, são necessários fatores como turmas reduzidas, para que o educador possa se dedicar a cada criança de maneira adequada, infraestrutura segura, atendimento para pais e responsáveis, visando apoio e assistência para que o desenvolvimento cognitivo da criança continue no ambiente familiar, profissionais devidamente formados, ambiente que permita a participação ativa das crianças, rotina de higiene e cuidados pessoais e currículo adequado para cada faixa etária.

A educação infantil na BNCC

A Base Nacional Comum Curricular é um instrumento fundamental para dar transparência e clareza a todas as redes de ensino sobre o que cada criança deve e tem o direito de aprender, o que por sua vez é um componente essencial para a qualidade e equidade da educação infantil” (MEC, 2018).

Ao pensarmos sobre os espaços educacionais, os materiais e os saberes, é necessário refletir sobre as  experiências que fazem parte da educação infantil, de forma que elas contribuam para a construção do conhecimento, tendo a criança como fator central desse processo.

Definição de BNCC

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para a ed        ucação infantil é uma síntese dos valores, conhecimentos e saberes que toda criança que frequenta creches e pré-escolas tem o direito de aprender. Vale ressaltar que, ao seguir a BNCC, devem ser considerados fatores como economia, sociedade e comunidade escolar na qual a criança está inserida.

A definição da BNCC tem origem nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI). Nelas são apresentados “os direitos das crianças a acessar processos de apropriação, renovação e articulação de saberes e conhecimentos e à proteção, à saúde, à liberdade, à confiança, ao respeito, à dignidade, à brincadeira, à convivência e à interação com outros meninos e meninas“.

Ainda de acordo com a DCNEI, ao elaborar o currículo da educação infantil, é necessário abordar dois fatores principais: as interações e as brincadeiras. Além disso, a grade escolar deve contemplar “ princípios éticos, políticos e estéticos e a indissociabilidade entre o cuidar e educar” e considerar “a criança como ser integral que se relaciona com o mundo a partir do seu corpo em vivências concretas com diferentes parceiros e em distintas linguagens“. O currículo também deve levar em conta a construção das subjetividades humanas, a seleção de saberes  socialmente significativos e contextualmente relevantes e o acesso à pluralidade de bens culturais.

Conteúdo base da BNCC

Devem ser aplicados 4 conteúdos básicos na grade curricular da educação infantil. São eles:

Linguagem

Durante a educação infantil, devem ser utilizados os diversos tipos de linguagem, como as linguagens verbal,  musical,  corporal e visual. Essas práticas estimulam a interação, expressão, comunicação, representação, construção de conhecimento e apreciação estética.

Matemática

Na educação infantil, o conhecimento matemático faz parte de outros campos, podendo estar incluído no ritmo sonoro, no movimento, no desenho, no olhar sobre o mundo, na métrica da poesia, nas leituras, na construção de brincadeiras, no compasso de danças e canções e nas medidas e contagens propriamente ditas.

Ciências Humanas

As ciências humanas ajudam a criança a elaborar o conhecimento de si e daqueles que vivem ao seu redor, facilitando a construção da identidade pessoal e coletiva.

Essa área do conhecimento ainda favorece a compreensão dos significados existentes na língua materna e nas diferentes manifestações tecnológicas, artísticas e culturais, permitindo a inserção da criança na sociedade em que vive.

Ciências da Natureza

As ciências da natureza facilitam a compreensão da relações entre os seres vivos, dos fenômenos físicos e químicos e das mudanças ambientais geradas pelo homem.

Esse tipo de conhecimento estimula a curiosidade da criança e faz com que ela desenvolva consciência sobre a importância do meio ambiente e da sustentabilidade.

Os 6 grandes direitos de aprendizagem

Com base nos princípios e objetivos presentes nas DCNEI, são considerados 6 grandes direitos de aprendizagem, que devem ser garantidos a toda e qualquer criança brasileira matriculada em creches ou pré-escolas públicas ou privadas. São eles:

Conviver de forma democrática com outras crianças e adultos, podendo utilizar e produzir diversas formas de linguagem. Assim, o relacionamento e o respeito à natureza, à cultura, à sociedade e às diferenças entre as pessoas serão gradativamente ampliados, conforme a criança desenvolve suas capacidades cognitivas.

Brincar, sendo essa atividade parte do cotidiano da criança nas mais diversas formas.  É durante as brincadeiras que a criança terá acesso a patrimônios sociais, científicos e culturais, estimulando suas capacidades motoras, relacionais, cognitivas e emocionais.

Participar como protagonista do processo educacional durante a educação infantil, agindo na escolha das atividades, dos ambientes e dos materiais que serão utilizados e aprimorando os diversos tipos de linguagem e as práticas sociais e culturais.

Explorar os movimentos, sons, gestos, histórias, materiais, linguagens artísticas e elementos da natureza e do ambiente urbano, interagindo com um repertório artístico, cultural, ambiental, tecnológico e científico amplo.

Comunicar-se por meio dos diferentes tipos de linguagem, expondo suas opiniões, sentimentos e desejos e aprendendo a pedir ajudar e a narrar suas experiências e registros de vida.

Conhecer-se a ponto de construir sua própria identidade pessoal e cultural, constituindo uma imagem positiva do seu eu e dos grupos religiosos, étnicos e de gênero que fazem parte dele. Essa construção ocorre durantes as brincadeiras, interações e atividades que são vivenciadas na educação infantil.

Portanto, o arranjo curricular proposto pela BNCC está baseado nas experiências que são oferecidas para as crianças durante a educação infantil, favorecendo e garantindo todos os direitos de aprendizagem.

Os campos de experiência para a educação infantil

As áreas do conhecimento determinadas pela BNCC, ou seja, linguagem, matemática, ciências humanas e ciências da natureza, são articuladas em campos de experiência, que são conjuntos de experiências reunidas a partir do artigo 9º das DCNEI e desenvolvidas com base no modo de pensar e agir que crianças de até 6 anos possuem.

De acordo com o Ministério da Educação, “os campos de experiências, organização interdisciplinar por excelência, devem oferecer às crianças oportunidades de atribuir um sentido pessoal aos saberes e conhecimentos que vão sendo articulados como uma rede e construídos na complexidade e transversalidade dos patrimônios da humanidade.”

Os 5 campos de experiência da educação infantil foram elaborados com o objetivo de assegurar os direitos de aprendizagem da criança e oferecer questões que favoreçam seu desenvolvimento cognitivo, possibilitando a interação da criança com o mundo ao seu redor.

Não existe uma receita especial para cada uma das áreas do conhecimento que podem ser utilizadas na educação infantil. O que vale é a criatividade do professor ao elaborar atividades que colaborem com o desenvolvimento e inserção da criança na sociedade.

Vale ressaltar que é necessário que os campos de experiência sejam tratados de forma particular e que as crianças sejam divididas de acordo com sua idade. Abaixo estão descritos os 5 campos de experiência da educação infantil, acompanhe:

1. O eu, o outro, o nós

As crianças naturalmente são curiosas em relação ao seu mundo social, tanto que seu desenvolvimento é baseado na interação com outras pessoas, o que permite que a criança se constitua como alguém que tem seu próprio modo de agir, sentir e pensar.

Conforme a criança vive experiências em um ambiente coletivo, ela passa a elaborar questões sobre si e os demais, compreendendo os sentimentos, ideias, motivos e hábitos de cada pessoa que vive à sua volta.

Por isso, é fundamental que a criança conheça outros grupos sociais, outros pontos de vista, outras culturas, ampliando seu modo de perceber o outro e desfazendo preconceitos e esteriótipos. É nesse momento que ela constrói sua autonomia e seus cuidados pessoais.

2. Corpo, gestos e movimentos

Por meio dos gestos, do tato, do deslocamento e do jogo, a criança pode interagir e identificar sensações, construindo conhecimento sobre si mesma e sobre o mundo. Esse contato do corpo com o ambiente é fundamental para que os sentidos sejam desenvolvidos, principalmente em crianças que possuem algum tipo de necessidade especial.

3. Escutar, falar, pensar e imaginar

Desde o nascimento, a criança se apropria da língua materna por meio de ocasiões cotidianas que permitem a comunicação com pessoas e situações diferentes. As habilidades desenvolvidas nesses contextos diversos estimulam a participação da criança na cultura e na sociedade.

Segundo o MEC, “na pequena infância, a aquisição e o domínio da linguagem verbal estão vinculados à constituição do pensamento e à fruição literária e também são instrumentos de apropriação dos demais conhecimentos“.

4. Traços, sons, cores e imagens

A identidade pessoal e social da criança acontece a partir de sua interação com diferentes pessoas que fazem parte do seu cotidiano, sendo esse o momento em que ela aprende a se expressar por meio da linguagem e das manifestações culturais.

Por essa razão, é importante que, desde os primeiros meses de vida, a criança tenha a oportunidade de explorar diversos recursos tecnológicos e realizar suas produções com sons, gestos, traços, encenação, mímica, canções, modelagens e desenhos, de modo prazeroso e inventivo. É dessa forma que a sensibilidade da criança se desenvolve.

5. Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações

Naturalmente, as crianças têm a curiosidade bastante aguçada. Por isso, buscam compreender o ambiente em que estão inseridas, observando suas características e qualidades e explicando o “como” e o “porquê”dos fenômenos da natureza e da sociedade. Para que esses elementos se desenvolvam, é importante que algumas práticas façam parte da rotina da criança, como observar, quantificar, medir, comparar e relacionar.

Como aplicar os direitos de aprendizagem nos campos de experiência?

Para que os direitos de aprendizagem sejam aplicados na educação infantil utilizando os campos de experiência é necessário que o professor desenvolva brincadeiras que valorizem o aprendizado sem perder o teor de diversão e lazer. É por meio de estratégias que estimulam o desenvolvimento cognitivo que as crianças poderão se inserir de forma precisa no ambiente em que vivem.

É importante saber que…

  • A BNCC não deve ser tratada como um currículo da educação infantil, mas sim como uma referência para melhor compreender a função dessa fase escolar e do processo de aprendizagem.
  • Quando levada em consideração, a proposta para a ANEI (Avaliação Nacional da Educação Infantil) é avaliar as práticas pedagógicas utilizadas e não as crianças.
  • É obrigação do sistema educacional oferecer subsídios para que a avaliação do trabalho realizado com as crianças seja acompanhada pela DCNEI e pela BNCC.

Espero que você tenha sanado todas as suas dúvidas sobre os campos de experiência da educação infantil.

Boa aula e até a próxima!

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