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Analfabeto funcional: conceitos e 6 alternativas para reduzir o analfabetismo

Olá, leitor!

Atualmente muitos jovens e adultos ainda não conseguem ler e escrever e muitas crianças não conseguem adquirir habilidades básicas de alfabetização.

Isso acaba resultando na exclusão de jovens e adultos com baixo nível de alfabetização e de baixa qualificação, na participação plena no mercado de trabalho e também na sociedade em geral.

Quando se fala em alfabetização ainda se tem o conceito errôneo de que se a pessoa sabe ler e escrever ela é alfabetizada, mas a questão é muito mais profunda, é preciso entender os conceitos de alfabetização absoluta e o considerado analfabeto funcional, aquele que tem pouca habilidade de leitura.

Neste artigo abordamos o tema de analfabetismo funcional e as alternativas para reduzir esse problema na educação do Brasil. Confira!

Analfabetismo funcional no Brasil

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No Brasil, de acordo com dados do IBOPE (2005) há cerca de 14 milhões de Analfabetos absolutos e mais de 35 milhões de Analfabetos funcionais.

Os dados do CENSO de 2010 demonstram que o número maior de analfabetos funcionais estão na região nordeste do país (30,8%) e que 1 em cada 4 pessoas são analfabetas funcionais.

O cenário é ainda mais assustador quando se analisa os relatórios do Indicador de Alfabetismo Funcional (INAF), que faz a classificação considerando os níveis de proficiência, de acordo com este índice, atualmente no Brasil apenas 8% da população de 15 a 64 anos são considerados plenamente alfabetizados.

Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf)

O INAF é uma pesquisa realizada pelo Instituto Paulo Montenegro e a ONG Ação Educativa, recebe também o apoio do IBOPE Inteligência.

A pesquisa é feita no Brasil e avalia o índice de alfabetização da população entre 15 e 64 anos, população considerada economicamente ativa, e avalia as habilidades e práticas de leitura, de escrita e de matemática aplicadas ao dia a dia.

Em 2016, o Instituto Paulo Montenegro e a ONG Ação Educativa divulgaram o Indicador de Analfabetismo Funcional (INAF) no relatório “Alfabetismo e o Mundo do Trabalho”, em 5 níveis de alfabetismo funcional avaliando o grau de domínio das habilidades de leitura, escrita e matemática, confira os resultados:

  • Analfabeto (4%)
  • Rudimentar (23%)
  • Elementar (42%)
  • Intermediário (23%)
  • Proficiente (8%).

Segundo a escala INAF a soma do grupo de analfabeto mais o de rudimentar são considerados analfabetos funcionais, ou seja 27% da população de 15 a 64 anos são analfabetos funcionais.

Confira abaixo como o INAF classifica os níveis de proficiência:

Analfabetos Funcionais

Analfabeto

Corresponde à condição dos que não conseguem realizar tarefas simples que envolvem a leitura de palavras e frases ainda que uma parcela destes consiga ler números familiares (números de telefone, preços etc.);

Rudimentar

Corresponde à capacidade de localizar uma informação explícita em textos curtos e familiares (como um anúncio ou um bilhete), ler e escrever números usuais e realizar operações simples, como manusear dinheiro para o pagamento de pequenas quantias ou fazer medidas de comprimento usando a fita métrica;

Funcionalmente Alfabetizados

Elementar

As pessoas classificadas neste nível podem ser consideradas funcionalmente alfabetizadas, pois já leem e compreendem textos de média extensão, localizam informações mesmo que seja necessário realizar pequenas inferências, resolvem problemas envolvendo operações na ordem dos milhares, resolvem problemas envolvendo uma sequência simples de operações e compreendem gráficos ou tabelas simples, em contextos usuais. Mostram, no entanto, limitações quando as operações requeridas envolvem maior número de elementos, etapas ou relações;

Intermediário

Localizam informações em diversos tipos de texto, resolvem problemas envolvendo percentagem ou proporções ou que requerem critérios de seleção de informações, elaboração e controle de etapas sucessivas para sua solução. As pessoas classificadas nesse nível interpretam e elaboram sínteses de textos diversos e reconhecem figuras de linguagem; no entanto, têm dificuldades para perceber e opinar sobre o posicionamento do autor de um texto.

Proficientes

Classificadas neste nível estão as pessoas cujas habilidades não mais impõem restrições para compreender e interpretar textos em situações usuais: leem textos de maior complexidade, analisando e relacionando suas partes, comparam e avaliam informações e distinguem fato de opinião. Quanto à matemática, interpretam tabelas e gráficos com mais de duas variáveis, compreendendo elementos como escala, tendências e projeções.

Dia Internacional da Alfabetização

A UNESCO, sediada em Paris, França instituiu o Dia Internacional da Alfabetização e faz várias cerimônias na data de 8 de setembro.

Neste dia é celebrado os esforços para alfabetização em todo o mundo e reúne governos, organizações, ONGs, setores privados, comunidades, professores, aprendizes e especialistas no campo da educação.

É uma ocasião para conscientização e para propor maneiras de combater os desafios da alfabetização no mundo, e também os objetivos que compõe a Agenda de Educação de 2030.

Na sua sede em Paris é realizada a Cerimônia de Premiação dos Projetos Internacionais de Alfabetização da UNESCO. Conheça mais como são estes projetos de alfabetização da UNESCO no mundo e no Brasil.

Projetos de alfabetização da UNESCO

A UNESCO tem feito várias iniciativas, programas e projetos que apóiam os Países membros nas áreas de políticas, financiamento de programas e avaliações de alfabetização.

Os principais projetos com alcance mundiais são:

  • Projeto de desenvolvimento de capacidades para a educação (CAPED)

O principal objetivo do projeto é propor reformas educativas, incluindo a melhoria dos níveis de alfabetização para jovens e adultos; aumentando o suprimento de professores qualificados; e alargamento do acesso à Educação e Formação em Habilidades Técnicas e Profissionais (EFTP) para jovens, especialmente para meninas e mulheres.

  • UNESCO – Pearson para Alfabetização: Meios de Vida Melhorados em um Mundo Digital

O principal objetivo deste projeto é promover o uso de tecnologias digitais inclusivas e fortalecer os níveis de alfabetização e habilidades básicas para jovens com pouca qualificação profissional e que são analfabetos funcionais.

No portal de transparência da UNESCO é possível acompanhar todos os projetos que já foram concluídos, os orçamentos de investimentos em alfabetização e os projetos em andamento em todos os países participantes.

Projetos de alfabetização da UNESCO no Brasil

O Brasil é um dos participantes dos projetos mundiais da UNESCO para promover a alfabetização. Até junho de 2017 o Brasil tinha 74 projetos, sendo que deste total, 27 são voltados diretamente Educação e Programas de Bolsas de Estudo. Veja alguns exemplos de projetos em andamento:

  • Livros e leitura: acesso, diversidade e fortalecimento da cadeia produtiva

O projeto iniciou em 2012 e finaliza em abril de 2018, o objetivo principal é a promoção de livros para incentivar a leitura, tanto a nível nacional como regional.

  • Educação integral: Qualidade, Equidade e Inclusão nas Escolas do Estado de Minas Gerais

O projeto com previsão de término em 2020 tem o objetivo de preparar as Escolas Públicas Estaduais de Minas Gerais para implantar a educação integral.

Alternativas para reduzir o analfabetismo

Programa Brasil Alfabetizado (PBA)

O MEC administra o Programa Brasil Alfabetizado (PBA) desde 2003 que tem o objetivo de promover a alfabetização de jovens, adultos e idosos. O programa incentiva os projetos municipais e estaduais por meio de apoio técnico e financiamentos.

As secretarias de educação estaduais, municipais e do Distrito Federal podem aderir ao PBA acessando o portal e incluir projetos.

A seguir 6 ideias de projetos que podem contribuir para reduzir o analfabetismo no Brasil:

Projetos que garantam a educação infantil

Projetos que ampliem a oferta de vagas em creches e pré-escolas dos municípios brasileiros. Já abordamos o tema da oferta de vagas nas creches e pré-escolas aqui no Canal do Ensino. É necessário maior suporte do governo e administração dos recursos nos projetos já existentes, e também garantir à transparência no orçamento destinado a construção de novas escolas de educação infantil.

Uma das Metas do Plano Nacional de Educação é justamente universalizar a educação infantil até 2016 e chegar a 50% dessa população até a vigência do PNE, mas houve poucos avanços até agora.

Projetos e planos de aula que incentivem a leitura de livros e outros materiais do dia a dia

O estímulo à leitura em sala de aula aproxima os alunos de todas as idades com o universo das letras. Os professores e coordenadores pedagógicos podem criar projetos que promovam a leitura dentro da sala de aula, em áreas de leitura, rodas de leituras, oficinas de histórias.

A ideia é que as crianças e os jovens encontrem não só livros na sala de aula, mas também jornais, revistas, dicionários, folhetos, embalagens e rótulos comerciais, receitas, embalagens de medicamentos, etc.

Projetos de Bibliotecas e fomento a cultura do leitor brasileiro

Projetos de construção de bibliotecas públicas, projetos de promoção de leitura, produção de livros educativos e a compra de livros, promovendo a prática da leitura no dia a dia da população brasileira.

Projetos de alfabetização nas empresas

Os projetos sociais como o de promoção da alfabetização para jovens e adultos é uma forma das empresas contribuírem para a sociedade de forma bastante significativa, além de melhorar a qualidade dos serviços prestados pelos trabalhadores dentro das indústrias e setores produtivos.

Educação Integral e bolsas de estudo para jovens

Promover a educação integral, que vai além da extensão da carga horária de aulas, mas que tenha projetos que preparem os alunos para exercerem plenamente a cidadania, incluindo cursos profissionalizantes, incentivo com bolsas de estudo e acesso a oportunidades de aprendizado com estágios, reduzindo dessa forma a evasão escolar dos jovens que deixam as cadeiras escolares para procurar emprego.

Educação profissional para jovens

Promover projeto educacional para jovens para garantir que eles tenham as habilidades necessárias para o mercado de trabalho no setor da indústria e serviços reduzindo também a taxa de evasão dos jovens das escolas de ensino médio.

De acordo com dados do MEC, o investimento público direto em educação, em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), chegou a 5% no Brasil. Você considera que estes investimentos são satisfatórios?

Deixe nos comentários o que você pensa sobre esse assunto, e como podemos contribuir para melhorias na educação e redução do índice de analfabetismo funcional.

Até logo!

comentários (2)

  • Raposo

    Estou aqui esperando a opinião do autor desse post sobre o assunto.
    Gostaria que o autor desse conteúdo fosse mais específico sobre o assunto, dando seu entendimento acerca do mesmo, e mostrando o caminho necessário, ao seu ver, para se chegar ao nível adequado de instrução.

    Responder
  • Marcos Antonio

    Bem, em relação ao que penso sobre o assunto, o incentivo a leitura é algo particular de cada um mas uma orientação vale a pena..Por exemplo. Quando pequeno, não gostava de ler, mas meu gosto por leitura veio através dos antigos gibis, que pouco se vê hoje em dia. Adorava lê-los. Como uma coisa puxa a outra, criei o habito, passando para os jornais, revistas e depois dicionários..
    Acho que um tipo de leitura que prenda a pessoa seja um passo para uma experiência com bons resultados. Se a pessoa ler o que gosta, certamente, lerá mais e mais e daí por diante.
    Foca no assunto que cada um gosta de forma leve e descontraída.

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