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20 tipos de figuras de linguagem

Olá,

Se eu disser que “Jordânia é uma flor” ou que “Maria é uma cobra”, o que você vai entender? Ouvi outro dia que “A Amazônia é o pulmão do planeta”. Agora, me responda, essas frases fazem sentido ou não? E sabe por que fazem sentido? Porque foram criadas a partir de figuras de linguagem.

Figuras de linguagem são mecanismos usados para expressar um pensamento ou uma ideia de forma mais criativa, trabalhada, bela e poética. Geralmente, quando usamos uma figura de linguagem, ampliamos o sentido primário das palavras e expressões, criando um significado a partir de seu sentido original. Chamamos esse novo significado de sentido figurado ou conotativo.

Figuras de linguagem

Confira a seguir as principais figuras de linguagem que temos na língua portuguesa.

1 – Comparação

É a aproximação de dois seres por meio da ênfase em características semelhantes, com o intuito de compará-los. A comparação é feita de maneira explícita; portanto, sempre haverá a presença de termos que a tornem clara: como, tal qual, que nem, igual, etc.

Ex.: “Cada brasa palpita como um coração.” (Mário Quintana)

A professora agiu tal qual uma fera.

2 – Metáfora

É o emprego de uma palavra com um sentido que não lhe é próprio, derivado de uma comparação entre dois seres.

Ex.: “Amar é mudar a alma de casa.” (Mário Quintana)

 

Obs.: A diferença maior entre a metáfora e a comparação está no fato de que a comparação é explícita, enquanto a metáfora é implícita. Muitas vezes, o que difere os dois tipos é a simples presença de um termo comparativo.

Ex.:  Jordânia é uma flor. (metáfora)

Jordânia é como uma flor. (comparação)

 3 – Metonímia

Figuras de linguagem

Fonte: Reprodução

É a substituição de um termo por outro, pelo fato de haver uma relação entre eles.

Ex.: Eu comi um McDonald’s.

Perceba que, quando dizemos que comemos um McDonald’s, estamos substituindo o produto consumido pelo nome da lanchonete, mas o que comemos foi um sanduíche do McDonald’s e não um McDonald’s.

A mesma coisa acontece quando dizemos frases como “Eu leio Machado de Assis”, pois nós não lemos o escritor, mas sim seus livros.

Alguns tipos de metonímia

A metonímia pode ocorrer quando substituímos:

  • O autor pela obra: Eu leio Machado de Assis.
  • O continente pelo conteúdo: Tomei um copo de água. (Nós não tomamos o copo, mas sim a água que estava nele.)
  • O lugar pelas pessoas que o ocupam: O estádio todo aplaudiu os jogadores. (Não foi o estádio que aplaudiu os jogadores; foram as pessoas que estavam no estádio que aplaudiram.)
  • A parte pelo todo: Os sem-teto fizeram uma manifestação na tarde de ontem. (A expressão sem-teto se refere às pessoas sem moradia; portanto, o teto é só uma parte que representa o todo.)
  • O singular pelo plural: Todo homem é mortal. (Quando dizemos que “Todo homem é mortal”, usamos o singular com sentido plural, referindo-se a todos os homens.)

4 – Antítese

É a aproximação de palavras ou expressões de sentidos contrários.

Ex.: “A areia, alva, está agora preta, de pés que a pisam.” (Jorge Amado)

Perceba que nesse trecho o autor trabalhou a antítese entre os termos alva e preta.

5 – Paradoxo

É o emprego de palavras ou expressões que se contradizem, mantendo, contudo, o sentido enunciado.

Ex.: Só sei que nada sei.

Essa famosa frase atribuída a Sócrates é um belo exemplo de paradoxo. Se analisarmos seu sentido, perceberemos que a frase se contradiz, pois, ao saber que nada sabe, o sujeito demonstra ter conhecimento sobre algo, anulando o que ele próprio disse.

Contudo, perceba que o paradoxo, embora se contradiga, trata-se sempre de uma sentença que faz sentido. A contradição presente no paradoxo não anula a sua validade.

6 – Personificação ou prosopopeia

É atribuir características, sentimentos, pensamentos e ações próprios dos seres humanos a seres irracionais ou inanimados.

Ex.: “Os sinos chamam para o amor.” (Mário Quintana)

Nesse exemplo, atribuiu-se aos sinos a ação de chamar.

7 – Hipérbole

Consiste em expressar exageradamente uma ideia.

Ex.: O professor já explicou essa matéria mil vezes.

Marcela está um século atrasada.

8 – Eufemismo

Consiste em empregar um termo em lugar de outro com a intenção de amenizar ou suavizar uma ideia triste, pesada, desagradável, chocante.

Ex.:

  1. Francisco entregou a alma para Deus.
  2. Maria não é muito inteligente.
  3. Ricardo enriqueceu por meios ilícitos.
  4. Daiane faltou com a verdade.

Perceba que em todos esses exemplos, a ideia que se queria transmitir foi amenizada. Em 1, dissemos que Francisco morreu. Em 2, dissemos que Maria não é inteligente. Em 3, que Ricardo é uma pessoa desonesta. E em 4, que Daiane mentiu. Contudo, como utilizamos eufemismos, todas essas coisas foram ditas de forma leve, amena.

9 – Pleonasmo

Consiste em empregar palavras redundantes com o intuito de enfatizar uma ideia.

Ex.: De repente, Fernanda sorriu um alegre sorriso.

Perceba que houve repetição em sorriu e sorriso, que ainda foi acompanhada pelo termo alegre, enfatizando a ação de sorrir.

Obs.: pleonasmo pode também ser considerado vício de linguagem. Isso ocorre quando a redundância presente no enunciado é tão óbvia que se torna desnecessária. Deve-se sempre evitar esse tipo de construção.

Ex.: Subir para cima; descer para baixo.

10 – Sinestesia

Ocorre quando misturamos as sensações percebidas pelos cinco sentidos: visão, audição, olfato, paladar e tato.

Ex.: Pedro tem uma voz doce e aveludada.

Perceba que, para descrever a voz, que é reconhecida pela audição, usamos doce (referência ao paladar) e aveludada (referência ao tato).

11 – Elipse

Consiste na omissão de um termo facilmente compreensível pelo contexto.

Ex.: Seus olhos eram azuis e penetrantes; seus cabelos, longos e ondulados.

Perceba que, na segunda oração, houve a elipse da forma verbal eram, pois o contexto permite entender que “seus cabelos eram longos e ondulados”.

12 – Ironia

Consiste em declarar uma coisa sugerindo a ideia contrária ao que foi dito.

Ex.: “Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis.” (Machado de Assis)

Perceba que, quando o narrador sugere que Marcela o amou enquanto ele tinha dinheiro, quer dizer exatamente o contrário, ou seja, que ela não o amava.

13 – Onomatopeia

É a reprodução por escrito de sons e barulhos diversos.

Ex.: Toc-toc.

Caboom!

Smak.

14 – Silepse

Consiste em concordar os termos levando em conta uma ideia implícita contida em um deles. Na silepse, não há concordância gramatical entre os termos, mas sim concordância ideológica.

Ex.: Os brasileiros somos um povo alegre.

A multidão toda aplaudiram os atores.

Perceba que os verbos não concordam em número e pessoa com o sujeito, mas com uma ideia implícita no sujeito. No primeiro exemplo, o narrador se incluiu como brasileiro; no segundo, levou-se em conta a ideia de plural contida na palavra multidão.

15 – Assíndeto

Consiste na repetição de orações coordenadas assindéticas justapostas, ou seja, ocorre a ausência de conjunções ligando as orações.

Ex.: João chegou cansado, tomou um banho, deitou, dormiu.

16 – Polissíndeto

Consiste na repetição de uma conjunção coordenativa, geralmente a conjunção e.

Ex.: João chegou cansado e tomou banho e deitou e dormiu.

17 – Anáfora

É a repetição intencional de uma mesma estrutura no início de frases ou versos.

Ex.:

“Depois o areal extenso…

Depois o oceano de pó…

Depois no horizonte imenso…

Desertos… desertos só…”

(Castro Alves)

18 – Aliteração

É a repetição de sons consonantais com o intuito de trabalhar a sonoridade. Figuras como a aliteração são mais comuns em poemas.

Ex.: “Que a brisa do Brasil beija e balança” (Castro Alves)

Perceba que nesse verso foi trabalhada a aliteração da consoante b.

19 – Assonância

Consiste na repetição de sons vocálicos com o intuito de trabalhar a sonoridade. Assim como a aliteração, a assonância costuma ser encontrada em poemas.

Ex.:

“Ó formas alvas, brancas,

Formas claras.”

(Cruz e Souza)

Perceba a repetição da vogal a nesse verso.

20 – Paronomásia

É o emprego de palavras com sonoridades semelhantes, mas com sentidos distintos.

Ex.:

“As sobras de tudo que chamam lar

As sombras de tudo que fomos nós”

(Chico Buarque)

Você viu neste texto as principais figuras de linguagem que temos em português. Agora, que tal testar seus conhecimentos resolvendo os exercícios a seguir?

Exercícios

1 – (UFPA)

Tecendo a manhã

Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.

(MELO, João Cabral de. In: Poesias Completas. Rio de Janeiro, José Olympio, 1979)

Nos versos

“E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo…”

tem-se exemplo de

a) eufemismo
b) antítese
c) aliteração
d) silepse
e) sinestesia

 

2 – (UFU) Cada frase abaixo possui uma figura de linguagem. Assinale aquela que não está classificada corretamente:

a) O céu vai se tornando roxo e a cidade aos poucos agoniza. (prosopopeia)
b) “E ele riu frouxamente um riso sem alegria”. (pleonasmo)
c) Peço-lhe mil desculpas pelo que aconteceu. (metáfora)
d) “Toda vida se tece de mil mortes.” (antítese)
e) Ele entregou hoje a alma a Deus. (eufemismo)

 

3 – (FATEC) “Seus óculos eram imperiosos.” Assinale a alternativa em que aparece a mesma figura de linguagem que há na frase acima:

a) “As cidades vinham surgindo na ponte dos nomes.”
b) “Nasci na sala do 3° ano.”
c) “O bonde passa cheio de pernas.”
d) “O meu amor, paralisado, pula.”
e) “Não serei o poeta de um mundo caduco.”

 

 

Gabarito

1 – C

2 – C

3 – C

 

Para saber mais sobre o assunto, leia também:

 

Bons estudos e até logo!

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