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Como e quando foi criado o trio elétrico?

Olá, pessoal!

Depois do axé, ele é a cara do Carnaval na Bahia. Estamos falando, é claro, do trio elétrico. Esse veículo musical tão único surgiu nos anos 50 em Salvador e conquistou o carnaval de rua do Brasil inteiro. Conheça como foi criado o trio elétrico.

O trio elétrico é um caminhão carregado de aparelhos de som, que chega a pesar 35 toneladas, em média. Ele tem, na parte de cima, uma estrutura para shows musicais ao vivo, e funciona de cinco a sete horas em cada circuito do carnaval. A potência do motor varia de 300 a 440 cavalos de força e o nível máximo de emissão sonora permitido para cada trio e carro de som é de 110 decibéis, medidos a cinco metros de distância da lateral e à altura de 1,5 metro do solo.

História do trio elétrico

A tradição do trio elétrico começou com o veículo Fobica, em 1950, em Salvador. Dois amigos, Adolfo Antônio do Nascimento (Dodô) e Osmar Alvares Macedo (Osmar) colocaram aparelhos de som em um carro Ford 1929, conhecido como “Fobica”. Eles pintaram vários círculos coloridos como se fossem confetes no veículo e colocaram duas placas, no formato de violão, escrito “Dupla Elétrica”. Dodô fez uma adaptação elétrica para usar a bateria de automóvel para alimentar o funcionamento dos alto-falantes instalados na fobica.

No domingo de Carnaval daquele ano, eles subiram a ladeira da montanha em direção à Praça Castro Alves e Rua Chile, na capital baiana. Por volta das 16 horas, arrastaram milhares de pessoas. Dodô e Osmar, em cima da fobica decorada e eletronicamente equipada, fizeram, assim, sua primeira aparição como os inventores do trio elétrico.

Em um ano fizeram aperfeiçoamentos e incluíram mais um membro, Temístocles Aragão, formando assim o trio elétrico em 1951. No ano seguinte uma empresa de refrigerantes percebeu o enorme sucesso do trio e colocou um caminhão decorado à disposição dos músicos, inaugurando o formato consagrado por todos os carnavais até hoje.

Os trios vão ampliando em tamanho, na década de 1960, pelo uso de caminhões cada vez maiores. Ligados a blocos identificados por camisões coloridos – as mortalhas – os grupos passam a se isolar dos demais foliões por meio de cordas de separação. Destaca-se, desde então, o Trio Elétrico Tapajós, que é contratado pela prefeitura recifense para se apresentar naquela cidade. Em 1969 a canção Atrás do Trio Elétrico, de Caetano Veloso, divulga em todo o Brasil o fenômeno até então restrito aos dois estados nordestinos.

Cantores no trio elétrico

Na década seguinte tem início a profissionalização, sendo o Trio Tapajós transformado numa empresa, em 1976. No ano 1978 Moraes Moreira leva o cantor para o trio, com a canção Assim Pintou Moçambique, já que, até então os trios eram exclusivamente instrumentais. Tem início uma nova fase do Carnaval Baiano, e do próprio trio, renovado com a presença vocal, na figura de Moraes, que apresenta sucessos cantados pela primeira vez no “palco móvel” dos trios, como “Varre, Varre Vassourinha” – homenagem ao Clube recifense que deu início a tudo.

Moraes liga-se ao guitarrista Armandinho, filho de Osmar Macedo, e experimenta a inovação de trazer um cantor sobre o trio. O artista relata ainda que a ideia surgira anteriormente, em conversa com Gilberto Gil, onde esse observava que seria necessário “botar uma força no trio”, pois já não aguentava mais escutar as mesmas coisas sendo tocadas.

Curiosidades

Algumas palavras passaram a ter significados específicos, quando ligados ao trio elétrico. Veja alguns neologismos do trio:

  • Abadá – Camisa destinada a identificar os integrantes do bloco de trio; somente aqueles que possuem a vestimenta podem ficar na parte interna das cordas que cercam o bloco.
  • Camarote alternativo – nome que se dá aos apartamentos limítrofes aos circuitos da folia soteropolitana, que durante o carnaval são alugados aos foliões, para dali acompanharem a passagem dos trios.
  • Cordeiro – espécie de segurança, contratado para segurar as cordas que cercam os integrantes do bloco de trio.
  • Pipoca – folião que, não tendo abadá, fica de fora das cordas, mas acompanha os trios que passam.

O trio permitiu a criação de uma nova indústria fora do eixo Rio-São Paulo: até então para algum artista vir a se projetar no cenário cultural tinha que ir para o sul. Com o advento do trio elétrico, artistas nordestinos ganharam mais notoriedade nacional

Com o trio o carnaval passou a ser também item estratégico para a administração pública e para a economia local, alavancando negócios no turismo cultural, no surgimento e manutenção de novos artistas e organizações (blocos, afoxés, trios “independentes”), produtos (abadás, discos, shows, etc.) até no próprio trio elétrico em si (alugueis e fabricação de trios) – matriz de tudo – movimentando verdadeiras fortunas a cada ano.

Item obrigatório nos carnavais atuais, o trio elétrico se tornou uma solução prática para shows e só tem a melhorar.

Até mais.

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